Sábado, 08 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 8 de novembro de 2025
A Chan Zuckerberg Initiative (CZI), a organização filantrópica dirigida pelo CEO da Meta, Mark Zuckerberg, e por sua mulher, Priscilla Chan, já prometeu consertar o sistema educacional americano, transformar as políticas públicas e “curar todas as doenças”. Mas, ao longo dos anos, ela reduziu seu foco para a ciência.
Esta semana, a organização anunciou sua primeira grande reestruturação para se tornar ainda mais voltada à pesquisa científica. A partir de agora, a Chan Zuckerberg Initiative concentrará seus esforços em inteligência artificial e pesquisa científica, liderada por uma rede de centros de pesquisa chamada Biohub.
Ela também adquiriu a equipe de uma startup de IA, a Evolutionary Scale, e nomeou o cientista-chefe da empresa, Alex Rives, como seu novo chefe de ciência. A organização não revelou quanto pagou pela equipe.
Em uma entrevista na quarta-feira, durante um evento no escritório do Biohub em Redwood City, Califórnia, Zuckerberg disse que ele e Chan queriam “focar em algo que não fosse desfeito a cada poucos anos”. O foco da Chan Zuckerberg Initiative em ciência e IA tem potencial para gerar um impacto duradouro e geracional, afirmou.
A reestruturação é significativa para uma das organizações filantrópicas mais visíveis do mundo. Fundada em 2015, a Chan Zuckerberg Initiative teve ambições amplas e comprometeu mais de US$ 7 bilhões em doações na última década. Zuckerberg e Chan prometeram doar quase toda a sua fortuna por meio da organização, o que totalizaria cerca de US$ 256 bilhões.
Mas a relação de Zuckerberg e Chan com a política mudou ao longo do tempo, e a organização se afastou de iniciativas de justiça social e engajamento político. Após a posse do presidente Donald Trump, em janeiro, a Chan Zuckerberg Initiative encerrou o recrutamento com base em diversidade e demitiu ou remanejou funcionários que coordenavam suas iniciativas nessa área.
Em abril, uma escola para alunos de baixa renda fundada por Chan anunciou seu fechamento após perder o financiamento. Em maio, a organização encerrou quase todas as suas doações a organizações locais de habitação.
O foco renovado em ciência e IA reflete as mudanças que Zuckerberg implementou na Meta. A gigante da tecnologia, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, está totalmente dedicada à inteligência artificial. A empresa afirmou que está gastando pelo menos US$ 70 bilhões neste ano, em grande parte para se manter competitiva na corrida da IA.
Durante o evento no escritório do Biohub, Zuckerberg e Chan prometeram aumentar em dez vezes, até 2028, o poder computacional da organização proveniente de seus centros de dados, para apoiar pesquisas biológicas impulsionadas por IA. Projetos específicos incluem uma plataforma virtual de mapeamento celular, um grande modelo de linguagem capaz de realizar raciocínios biológicos e sistemas de IA que analisam sequências genéticas para detectar doenças.
Segundo a organização, os cientistas do Biohub pretendem usar IA para realizar experimentos virtuais em escala maior e em ritmo mais rápido do que é possível hoje com testes laboratoriais.
Steve Quake, o antigo chefe de ciência da Chan Zuckerberg Initiative, deixou o cargo em setembro.
Chan, uma pediatra de 40 anos, afirmou que a organização tem obtido seu melhor retorno sobre investimento na área científica. A filantropia reduziu o tamanho das doações destinadas a outras áreas, como educação e habitação, mas disse que não pretende encerrar totalmente esse tipo de apoio.