Terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Inteligência artificial devolve autonomia a pessoas com deficiência visual no Brasil

As calçadas brasileiras, em dezembro de 2025, ganharam uma nova camada de percepção sonora por meio dos avanços da inteligência artificial generativa. O ato de caminhar por centros urbanos tornou-se uma experiência de reconstrução da dignidade para quem vive com limitações visuais severas.

Ferramentas de descrição em tempo real podem devolver autonomia a milhões de cidadãos. O poder público precisa assumir o papel de indutor para que a inovação não crie novos muros sociais.

A consolidação do recurso Be My AI, neste ano, transformou a interação com o espaço físico ao processar fluxos de vídeo contínuos. O sistema agora narra o mundo com uma fluidez que supera a antiga análise de fotos estáticas.

Essa evolução permite reconhecer que a inteligência artificial deixou de ser uma promessa técnica de laboratório. A ferramenta tornou-se um item de sobrevivência urbana para quem precisa identificar sinais de trânsito ou ler cardápios digitais.

Os dados detalhados do Censo do IBGE, divulgados em 2025, indicam que cerca de 7,9 milhões de brasileiros enfrentam sérias dificuldades para enxergar. Esse contingente populacional encontra na tecnologia uma possibilidade inédita de integração plena ao mercado de trabalho e ao lazer.

A premissa de que a máquina pode ampliar os sentidos humanos ganha contornos de realidade prática. A conclusão lógica aponta que o investimento em acessibilidade digital gera retornos econômicos e sociais relevantes para o país.

A barreira econômica ainda representa um desafio severo para a democratização dessas soluções tecnológicas no território nacional. Os large language models com visão computacional integrada exigem chips de alta performance para funcionar com agilidade.

Esse requisito técnico encarece os dispositivos móveis de última geração, tornando-os proibitivos para a maioria das famílias. A inclusão digital não pode ser um privilégio de classe em uma democracia que busca a igualdade de oportunidades.

O chamado Custo Brasil manifesta-se com força na carga tributária que incide sobre tecnologias assistivas importadas. Smartphones de alto desempenho funcionam hoje como verdadeiras próteses visuais para cidadãos cegos.

A isenção de impostos como o IPI deveria ser estendida a esses aparelhos quando comprovada a finalidade de acessibilidade. Essa medida fiscal reduziria o preço final e permitiria que mais pessoas tivessem acesso às ferramentas de autonomia em 2026.

A conectividade móvel no Brasil apresenta manchas de sombra que silenciam a inteligência artificial nas áreas mais vulneráveis das cidades. O sinal de internet muitas vezes desaparece justamente nos locais onde a orientação por voz seria mais necessária para o pedestre.

Esse problema técnico evidencia a necessidade de acelerar a expansão da infraestrutura de rede em bairros periféricos. A tecnologia mais avançada perde sua utilidade se não houver um sinal de dados estável e abrangente.

O processamento local, conhecido como on device, surge como uma resposta técnica promissora para mitigar a dependência de conexão constante em 2025. Chips de IA em smartphones intermediários já permitem descrições básicas de objetos sem a necessidade de envio de dados para a nuvem.

Esse avanço aumenta a privacidade do usuário ao manter as imagens dentro do próprio dispositivo. A proteção da intimidade doméstica deve ser preservada mesmo diante da necessidade de assistência tecnológica.

O Marco Legal da IA no Brasil, sob o Projeto de Lei nº 2.338, de 2023, estabeleceu diretrizes mais seguras sobre responsabilidade civil neste ano. A legislação oferece um caminho para o desenvolvimento de ferramentas assistivas sem viés algorítmico discriminatório.

O cumprimento dessas normas garante que a inteligência artificial seja uma aliada da justiça social e não uma fonte de novos preconceitos. A regulação transparente funciona como salvaguarda para o cidadão diante do poder das grandes empresas.

A Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia de 2025 destacou o papel da Finep no fomento a startups de acessibilidade. O apoio institucional a projetos brasileiros garante que as soluções de IA compreendam expressões regionais e particularidades geográficas do país.

O desenvolvimento local de software reduz a dependência tecnológica externa e fortalece a indústria nacional de inovação. A soberania digital passa pelo incentivo à produção científica voltada para o interesse público.

O envelhecimento populacional acelerado indica um crescimento moderado na demanda por tecnologias assistivas até 2026. Doenças crônicas relacionadas à visão tendem a ampliar a pressão sobre os serviços públicos de saúde e assistência.

A prevenção e a triagem precoce precisam caminhar junto à oferta de dispositivos inteligentes de baixo custo. A preparação do Estado para esse cenário demográfico envolve responsabilidade fiscal e compromisso humanitário.

A inteligência artificial só será inteligente se for capaz de incluir quem a sociedade historicamente escolheu ignorar. A esperança reside na capacidade de transformar códigos binários em ferramentas de impacto social positivo. A inteligência artificial ganha propósito quando permite que uma mãe cega identifique as cores no desenho da filha.

A melhoria da qualidade de vida permanece como a métrica mais relevante ao final de cada avanço técnico. O futuro da tecnologia depende de um esforço coletivo para iluminar os caminhos de todos os brasileiros.

* Régis de Oliveira Júnior, jornalista e especialista em inteligência artificial

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