Terça-feira, 30 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 30 de dezembro de 2025
A inteligência artificial entra em 2026 como uma mudança concreta na forma como as pessoas se relacionam com empresas, serviços e instituições. Ela já está no celular, no atendimento bancário e nas centrais de serviço público. Não se trata de um futuro distante, mas de rotina. Quando a tecnologia avança mais rápido que as regras, o cidadão fica exposto.
A primeira previsão é a explosão no volume de conversas. Estudos publicados em 2025 indicam que as interações entre empresas e consumidores podem crescer até cinco vezes. Isso reduz filas e acelera respostas. O risco está em tratar pessoas como fluxo, priorizando escala em vez de qualidade no atendimento.
A segunda previsão aponta a IA como motor de crescimento. Empresas já registram aumento de até 30% no valor médio dos pedidos com recomendações automáticas. O benefício é a conveniência. A crítica recai sobre o incentivo ao consumo excessivo, muitas vezes sem transparência sobre como a sugestão foi construída.
A terceira previsão envolve a consolidação da voz. Sistemas respondem em menos de um segundo e simulam conversas humanas. Isso amplia o acesso para idosos e pessoas com deficiência. O problema surge quando a gravação de voz passa a ser tratada como dado sensível sem consentimento claro.
A quarta previsão indica as mensagens conversacionais como padrão. WhatsApp e RCS permitem diálogo contínuo. Resolver demandas fica mais simples. O risco é transformar interações informais em mineração intensiva de dados pessoais.
A quinta previsão trata das jornadas conectadas. O cidadão espera que o contexto seja preservado entre chat, voz e e-mail. Quando funciona, o serviço melhora. Quando falha, gera retrabalho, frustração e exposição indevida de informações.
A sexta previsão é a regionalização. No Brasil, o WhatsApp domina a comunicação cotidiana. Ignorar esse cenário significa impor soluções importadas que não dialogam com a realidade local e ampliam exclusões.
A sétima previsão envolve a confiança digital. O crescimento de deepfakes e golpes por voz ao longo de 2025 transforma a comunicação verificada em obrigação. Sem isso, a IA se converte em ferramenta de fraude em larga escala.
A oitava previsão aponta caixas de entrada inteligentes. Mensagens relevantes ganham prioridade. O risco está na criação de bolhas, nas quais algoritmos definem o que o cidadão pode ver.
A nona previsão mostra agentes proativos integrados a sistemas internos. A eficiência aumenta. A transparência diminui quando decisões automatizadas não são explicadas de forma clara.
A décima previsão destaca a IA multimodal com leitura emocional. A interação se torna mais natural. O perigo é transformar sentimentos em ativos exploráveis.
Essas previsões não nascem de especulação. Baseiam-se em relatórios corporativos, estudos de mercado e análises independentes publicados em 2025. Destacam-se levantamentos da Sinch AB sobre comunicação digital global, além de pesquisas sobre agentes conversacionais, voz inteligente e confiança digital conduzidas por institutos e portais especializados em tecnologia e consumo.
A IA pode melhorar a vida urbana, facilitar serviços e ampliar o acesso. Sem regulação firme, proteção de dados e transparência, porém, ela transfere poder excessivo a sistemas opacos. O cidadão não pode ser tratado como dado, nem a emoção como produto. Tecnologia só representa avanço quando respeita direitos. Caso contrário, resta apenas eficiência sem justiça.
* Régis de Oliveira Júnior, jornalista e especialista em inteligência artificial