Quinta-feira, 12 de junho de 2025

Interrogatório de Bolsonaro: “Em nenhum momento alguém me ameaçou de prisão”, diz o ex-presidente

O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nessa terça-feira (10), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que jamais foi ameaçado de prisão por integrantes das Forças Armadas e que não houve, de sua parte, qualquer ação para promover ruptura institucional após a derrota nas eleições de 2022.

“As Forças Armadas, missão legal dada é cumprida. Missão ilegal não é cumprida. Em nenhum momento alguém me ameaçou de prisão”, disse Bolsonaro, diante do relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes.

Durante o interrogatório, o ex-presidente também minimizou as reuniões que manteve com militares e auxiliares próximos no período pós-eleição. Segundo ele, os encontros tinham caráter informal.

“As conversas eram bastante informais, não era nada proposto, ‘vamos decidir isso aqui’. Era conversa informal para ver se existia alguma hipótese de um dispositivo constitucional para a gente atingir o objetivo que não foi atingido no TSE. Isso foi descartado na segunda reunião”, declarou.

Bolsonaro negou qualquer mobilização para instaurar estado de sítio e afirmou que o então comandante da Marinha, Almir Garnier, nunca colocou tropas à sua disposição. “Em hipótese alguma. Se nós fôssemos prosseguir com um estado de sítio, as medidas seriam outras”, afirmou.

O ex-presidente disse ainda que o cenário político, naquele momento, não permitia medidas radicais. “Não tinha clima, não tinha base minimamente sólida para fazer coisa”, afirmou.

Bolsonaro também relatou que tratou com os comandantes de temas como protestos de caminhoneiros e possibilidades de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), sempre dentro do marco legal. “Tratamos de GLO e possibilidades dentro da Constituição, jamais saindo das quatro linhas”, disse.

Reta final

Os depoimentos marcam a reta final da instrução processual — fase em que são reunidas provas para embasar o julgamento. É nesse momento que os réus têm a chance de responder às acusações e apresentar suas versões dos fatos.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o grupo integra o “núcleo crucial” da organização criminosa que atuou para tentar romper a ordem democrática. Entre os réus está Bolsonaro.

Concluída a fase de interrogatórios, o processo segue para uma etapa de diligências, caso sejam solicitadas por defesa ou acusação. Depois, será aberto o prazo de 15 dias para apresentação das alegações finais, antes de o caso ser levado a julgamento na Primeira Turma do STF.

— Os réus do “núcleo crucial” são:

* Mauro Cid
* Alexandre Ramagem;
* Almir Garnier;
* Anderson Torres;
* Augusto Heleno;
* Jair Bolsonaro;
* Paulo Sérgio Nogueira;
* Walter Braga Netto.

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