Quinta-feira, 12 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 10 de junho de 2025
O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nessa terça-feira (10), em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), que o sistema eletrônico de votação do Brasil é “inauditável” e voltou a defender o uso do voto impresso. Segundo ele, esse modelo é adotado em outros países sul-americanos, como Venezuela e Paraguai, que, em sua avaliação, adotaram mecanismos mais transparentes de controle eleitoral. A declaração foi feita durante o interrogatório no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022.
“Então senhor ministro, com todo respeito. Nós temos muita coisa ao nosso lado mostrando que esse sistema que está aí carece de um aperfeiçoamento. Como existe por exemplo, no Paraguai. No Paraguai, as eleições, no meu entender, é o ideal. Como passou a existir nas últimas eleições até na Venezuela, que foi permitido lá notar que algo de anormal estava acontecendo. Nós não podemos esperar que aconteça isso no Brasil para tomar uma providência.”, disse o ex-presidente, reiterando a tese de que o atual modelo brasileiro não permite verificação adequada dos votos.
Ainda durante o depoimento, Bolsonaro reconheceu que pode ter exagerado no tom de suas declarações, mas justificou que sua intenção era proteger o processo eleitoral. “Se eu exagerei na retórica, devo ter exagerado, com certeza. Mas o meu objetivo sempre foi mais uma camada de proteção para as eleições, de modo que evitasse qualquer conflito. Qualquer suspeição”, afirmou.
Sem provas
Apesar das acusações ao sistema de votação, Bolsonaro admitiu que não possuía provas de fraudes, mas disse continuar nutrindo “muitas dúvidas” em relação à segurança das urnas eletrônicas. Durante a oitiva, ele também criticou ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e afirmou que o Supremo Tribunal Federal “joga fora das quatro linhas da Constituição”, sugerindo que o Judiciário teria atuado de maneira parcial durante o processo eleitoral.
O ex-presidente argumentou que o sistema atual impede uma auditoria confiável, e fez uma comparação inusitada para ilustrar sua crítica: “É como alguém muito maquiado. Se chover, escorre tudo”, disse, insinuando que o sistema, apesar de parecer robusto, esconderia falhas graves.
Bolsonaro também citou o inquérito aberto pela Polícia Federal após o segundo turno das eleições de 2018, afirmando que o documento levantava questionamentos relevantes e deveria ter sido levado mais a sério. Ele usou esse inquérito como justificativa para a reunião com embaixadores em 2022, considerada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) um dos principais atos de deslegitimação da Justiça Eleitoral promovidos por ele.