Sábado, 02 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 2 de agosto de 2025
Advogada e professora universitária, Paula Zambelli diz que a sua irmã mais nova, a deputada federal Carla Zambelli, foi abandonada pelo partido Liberal (PL), desde a cassação do seu mandato pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até a prisão na Itália na última terça-feira (29).
A irmã também demonstrou preocupação com a saúde de Zambelli. Segundo Paula, ela já passou por cirurgias cardíaca e de retirada de um tumor no cérebro, além de sofrer de depressão.
“O que mais me deixa perplexa é o abandono institucional: eu não imaginava que uma deputada da envergadura da Carla, a parlamentar mulher mais votada desta legislatura e do partido, ao passar por uma situação como esta seria desconsiderada pelo próprio partido”, afirma.
Ela diz que o partido, que tem Jair Bolsonaro como a maior figura, não tem dado suporte financeiro nem jurídico para a deputada. Ideologicamente alinhada à esquerda, diferente da deputada, Paula diz que a irmã, desde a infância, tem histórico de assumir posturas firmes.
De São Paulo, ela tem trocado mensagens com o pai, João Hélio Salgado, que viajou para Itália antes mesmo da detenção de Carla. A preocupação de ambos, assim como da mãe e do irmão do meio, o deputado estadual Bruno Zambelli (PL), é com a saúde da caçula, que faz uso contínuo de medicação.
“Carla possui muitas doenças que, combinadas, podem trazer efeitos muito diferentes, a depender de como ela está, e de qual remédio lhe falta. Isso é um motivo de muita preocupação, pois ela pode perder os sentidos, desmaiar, ficar com falta de sensibilidade de membros, fora as questões emocionais e psicológicas de alguém que tem depressão profunda”, conta Paula.
Ela afirma que a extradição seria um pesadelo. “Um processo de extradição implica em cumprir uma pena no Brasil de algo que ela reafirma que não fez. E, em sendo uma pena injusta e alta, aplicada a um fato que ela diz não ter cometido, há também o receio de não ser convertida em domiciliar”, afirma.
As irmãs, hoje próximas, ficaram três anos distantes por divergências políticas, no período entre o fim do governo Dilma Rousseff (PT) e a eleição de 2018, na qual Zambelli foi eleita deputada.
“Nossas convicções políticas são diferentes, e me entristece toda essa polarização, mas precisamos lembrar que ela representa muitas pessoas que pensam como ela, e essa é beleza maior da democracia”, diz Paula.
Para Paula, a prisão é uma chance para que a irmã modere algumas ideias em que é “radical ou extremista” e “solidifique alguns dos princípios que são fundamento do caráter dela”.
“Considero que é um dos capítulos da história dela. Carla tem 45 anos. Então eu tenho um desejo profundo de que tudo isso tenha algum propósito maior”, afirma.
(Com informações do jornal Folha de S.Paulo)