Segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

Jantar no Palácio do Alvorada teria colocado o ministro da Justiça Flávio Dino na mira de Lula para ser ministro do Supremo

Um jantar no Palácio da Alvorada, fora da agenda oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode ter pavimentado o caminho para a candidatura do ministro da Justiça, Flávio Dino, à vaga que será aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) no fim deste mês com a aposentadoria da ministra presidente da Suprema Corte Rosa Weber.

Na oportunidade, em momentos distintos, ministros da Corte submeteram o nome de Flávio Dino ao presidente, que até então via no auxiliar mais um conselheiro do que um postulante à vaga no colegiado.

Conforme fontes que acompanham de perto as discussões sobre a sucessão até então, Dino havia afirmado a Lula que não tinha interesse na nomeação para o STF, e, nessa condição, encaminhou nomes de mulheres da carreira jurídica para avaliação do presidente.

O jantar que reuniu um pequeno grupo de aliados ocorreu em 29 de agosto, na residência oficial da Presidência. Os convidados chegaram aos poucos; muitos após marcarem presença no Senado, durante o lançamento do livro do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas.

Estavam no Alvorada com Lula o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senador Davi Alcolumbre (União-AP), o líder do governo na Casa, senador Jaques Wagner (PT-BA), o ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, e Flávio Dino. Dantas chegou após o fim do evento no Senado, mas Dino já havia deixado o local.

Em contraponto aos mandatos anteriores, quando tinha o hábito de reunir com frequência os aliados para churrascos e partidas de futebol no Alvorada, o presidente revelou-se mais contido até o momento no terceiro mandato. No fim de maio, ofereceu um churrasco a um grupo selecionado de ministros. Durante a semana, ocasionalmente, reúne pequenos grupos para tomar decisões, tratar de questões pontuais e conversar amenidades.

Partidários da indicação de Dino para o Supremo argumentam que o atual ministro da Justiça ajudaria a manter a atual correlação de forças na Corte, unindo-se ao bloco do qual fazem parte Gilmar, Moraes e Dias Toffoli, desfalcado pela aposentadoria de Ricardo Lewandowski.

Outra percepção é que o petista deveria seguir uma espécie de roteiro de seus antecessores, nomeando o ministro da Justiça para a Corte, a exemplo de Fernando Henrique Cardoso, que indicou Nelson Jobim, e Michel Temer, que escolheu Alexandre de Moraes. Dino, relembre-se, atuou como juiz auxiliar de Jobim na Corte.

Em contraponto, fontes contrárias ao nome do ministro da Justiça argumentam, justamente, que teria chegado o momento de reacomodar as forças no tribunal.

Por isso, a escolha deveria recair sobre o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, ou Bruno Dantas. A percepção é de que Messias e Dantas atuariam com autonomia, sem alinhamento automático ao grupo de Moraes e Gilmar. Existe a tendência, todavia, de que Messias possa se unir ao ministro Cristiano Zanin, de quem é próximo, inaugurando nova frente de atuação no tribunal.

No quesito “confiança”, entretanto, mais caro a Lula neste momento, Dino e Messias despontam à frente de Dantas. Aliados do entorno de Lula afirmam que o presidente tem admiração pela competência e biografia de Dantas, mas não tem com ele o mesmo vínculo que o aproxima dos titulares do MJ e da AGU. No caso de Messias, uma relação que remonta há mais de duas décadas.

 

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