Sábado, 05 de julho de 2025

Jovem de Porto Alegre é reconhecida por ONG internacional

A Ashoka, maior rede mundial de seleção de projetos de impacto social desenvolvidos por jovens para suas comunidades, reconheceu a estudante Joana Dorneles de Souza, de Porto Alegre, como Jovem Transformadora 2025 pela criação do Coletivo Luísa Marques, iniciativa que atua na prevenção à violência sexual e na promoção do cuidado entre meninas das periferias.

A estudante, que cursa o ensino médio com formação em magistério no Instituto de Educação General Flores da Cunha, foi homenageada durante o Festival LED, no Rio de Janeiro, onde apresentou seu projeto a parceiros estratégicos da Rede Ashoka, ao lado de outros jovens de 15 a 19 anos também reconhecidos pela organização. A partir de agora, Joana passa a integrar a rede global da ONG Ashoka.

Criada na Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, Joana enfrentou desde cedo os desafios de uma realidade marcada por fome, abandono e silêncio institucional. Diagnosticada com epilepsia e TDAH na infância, superou dificuldades de aprendizagem por meio da leitura e da escuta. Aos 10 anos, decidiu agir após ouvir de uma amiga da escola que ela era vítima de abuso sexual e não conseguir apoio institucional para ajudá-la.

Dessa vivência nasceu o Coletivo Luísa Marques, criado dentro da Escola Municipal Saint-Hilaire e nomeado em homenagem a uma mediadora de leitura que marcou profundamente as alunas. O grupo surgiu como um espaço seguro de acolhimento, escuta e resistência, liderado por meninas, para meninas, e segue ativo até hoje em escolas da periferia da capital gaúcha.

O coletivo promove rodas de conversa, práticas de autocuidado, contações de histórias com foco em literatura negra e indígena, oficinas de absorventes sustentáveis e ações de educação sexual e prevenção à violência.

Em 2024, após atividades em escolas públicas, mais de 300 estudantes relataram situações de abuso sexual, evidenciando a urgência do trabalho. Ao todo, mais de 1.300 meninas e menines já foram impactadas pelas ações do grupo, composto majoritariamente por estudantes negras e periféricas, muitas delas sobreviventes de violência.

A liderança de Joana é partilhada, em uma lógica horizontal: todas decidem juntas e cuidam umas das outras. Agora, o coletivo se prepara para lançar uma plataforma digital educativa, com trilhas de aprendizagem e rodas de escuta, para que outras escolas possam criar coletivos semelhantes. A proposta é transformar a experiência do Luísa Marques em uma metodologia replicável, feita por e para meninas.

Joana acredita que meninas podem salvar umas às outras quando são escutadas e levadas a sério. Seu sonho é ajudar a construir um movimento nacional de proteção à infância, com base em redes de confiança, afeto e protagonismo. Para ela, “menina também faz direito” e faz do seu jeito: com coragem, ternura e rebeldia.

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