Sábado, 27 de abril de 2024

Jovens sentem culpa, tristeza e ansiedade com futuro do clima

Sobrecarregados, tristes e com sentimento de culpa é como alguns jovens dizem se sentir quando pensam na mudança climática e nos temores de que os líderes mundiais não conseguirão enfrentá-la.

O sentimento denominado em geral como “ansiedade climática” é motivo de pesquisas crescentes para medir sua prevalência antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) em Glasgow, que começa no final deste mês para decidir como colocar em vigor o Acordo de Paris de 2015 para conter a mudança climática.

Financiado pela Avaaz, uma rede de campanha virtual, e liderado pela Universidade de Bath, um dos maiores estudos até o momento entrevistou 10 mil pessoas de 16 a 25 anos em 10 países e publicou seus resultados em setembro.

Ele revelou que cerca de três quartos dos entrevistados consideram o futuro assustador, e a falta de ação dos governos e da indústria faz 45% sentirem ansiedade climática e angústia, que afetam suas vidas cotidianas e seu funcionamento.

Elouise Mayall, uma estudante de ecologia da britânica Universidade de Ânglia Oriental e membro da Coalizão dos Jovens pelo Clima do Reino Unido, disse à Reuters que se sente culpada e sobrecarregada.

“O que me restaria seria, talvez, uma sensação de vergonha, do tipo ‘como você ainda ousa querer coisas adoráveis quando o mundo está acabando e você nem sabe se terá um mundo seguro no qual envelhecer?’”, se questiona Elouise.

Radicado em Londres, o psiquiatra Alastair Santhouse vê a mudança climática e a Covid-19 possivelmente aumentando este fardo, especialmente para os predispostos à ansiedade.

Líder jovem

A ativista Greta Thunberg, de 18 anos, acusou países como Estados Unidos, Reino Unido e China de negar a profundidade da crise climática e ecológica e de usar uma “contagem criativa de carbono” para aumentar suas credenciais como países “verdes”.

Em um artigo opinativo no jornal inglês The Guardian, a ativista sueca diz que os líderes mundiais são os responsáveis pelo cenário. “Décadas de blá-blá-blá”, afirma.

“Entre 1990 e 2016, o Reino Unido diminuiu suas emissões em 41%. Entretanto, quando você inclui toda a escala de emissões britânicas — como o consumo de importados, aviação internacional, envios de bens — a redução é mais próxima aos 15%.” Greta também faz uma ressalva à exclusão, na análise, da queima de biomassa feita na nação.

Sobre a China, ela destaca: “A maior emissora de CO2 do mundo que está planejando construir 43 novas centrais elétricas a carvão, além das 1000 em operação, enquanto afirma ser uma ‘pioneira’ ecológica cometida a deixar ‘um limpo e lindo mundo para as futuras gerações.’”

Ela afirma que “não há líderes climáticos, ao menos não entre as nações de alta renda” devido a falta de atenção pública e pressão da mídia. As suas declarações são feitas próximas à Cop26, conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que acontecerá em Glasgow, na Escócia, no dia 31 de outubro.

“A ciência não mente”, continua a ativista em seu artigo opinativo. “Se é para ficarmos abaixo dos alvos estabelecidos no acordo de 2015 em Paris — e deste modo minimizar os riscos de cadeias irreversíveis que estão além do controle humano —, nós precisamos de reduções anuais imediatas e drásticas diferentes de qualquer coisa que o mundo já tenha visto.”

Greta resume o sentimento de grande parte dos jovens angustiados com a perspectiva ruim sobre o futuro climático do planeta Terra.

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