Terça-feira, 20 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 19 de maio de 2025
O julgamento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) vai avaliar o recebimento da denúncia contra o chamado “núcleo de ações táticas” da trama golpista, marcado para esta terça-feira (20), pode dobrar o número de militares no banco dos réus por envolvimento num plano para impedir a posse do presidente Lula e do vice Geraldo Alckmin.
Até agora, 12 militares já tiveram a denúncia aceita pelo Supremo — sem considerar na conta o ex-presidente Jair Bolsonaro. O número pode chegar a 23, se a Primeira Turma receber a denúncia contra o chamado núcleo militar da intentona golpista.
Esse núcleo é formado pelo policial federal Wladimir Matos Soares e 11 militares da ativa e da reserva do Exército, incluindo os “kids pretos” acusados de tramarem o sequestro e a morte de autoridades – entre elas a do relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes.
Nos bastidores, não há dúvidas de que a denúncia será aceita, assim como ocorreu com os outros núcleos: o “crucial” (formado por Bolsonaro, Walter Braga Netto e mais seis acusados); o de gerenciamento das ações (composto por seis pessoas, entre elas o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques); e o de desinformação, do qual fazem parte sete pessoas, entre elas o engenheiro Carlos Rocha, presidente do Instituto Voto Legal, contratado pelo PL para fiscalizar o processo eleitoral de 2022.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa o grupo de ações táticas de liderar ações voltadas “ao monitoramento e neutralização de autoridades públicas”, além de promoverem “ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército” a ultimar o golpe.
“Esse grupo da organização criminosa atuou para pressionar o Comandante do Exército e o Alto Comando, formulando cartas e agitando colegas em prol de ações de força no cenário político, tudo para impedir que o candidato eleito Lula da Silva assomasse ao Palácio do Planalto”, diz o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
“Visava-se manter no poder o então presidente Bolsonaro. O grupo atuava junto a influenciadores para atacar, em ambientes virtuais de impacto nos meios castrenses, os oficiais generais que se opunham à quebra da legalidade.”
“Jogadores certos”
Mensagens obtidas pelos investigadores apontam que Soares lamentou que Bolsonaro não tenha conseguido “jogadores certos” para se perpetuar no poder.
A observação foi feita pelo policial em mensagens em que ele avisa a interlocutores que o plano de golpe de Estado havia fracassado.
Os investigadores também descobriram que o policial federal chamou de “filhos da puta” o general Hamilton Mourão, ex-vice-presidente de Bolsonaro, e o general Valério Stumpf Trindade, ex-chefe do Estado-maior do Exército, alvo de ataques de radicais por não ter endossado a intentona golpista.
As mensagens analisadas pela PF foram enviadas ao gabinete de Moraes na véspera do julgamento, o que acendeu o sinal de alerta entre os outros investigados.
“O conteúdo das mensagens gera um sentimento de que o processo está na direção correta”, comentou reservadamente o advogado de um dos alvos da investigação.
Expectativa
A cúpula das Forças Armadas calcula que ao menos um acusado tem chances de escapar de uma condenação: o general de duas estrelas Nilton Diniz Rodrigues.
Na leitura de militares de alta patente, Nilton só foi envolvido na trama por ser na época assistente do então comandante do Exército, o general Freire Gomes.
Na acusação da PGR, Gonet afirma, que para assegurar o êxito das iniciativas golpistas, “os kids pretos” decidiram organizar reunião para desenvolver “estratégias de pressão” sobre os comandantes. (Com informações do jornal O Globo)