Quarta-feira, 29 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 28 de outubro de 2025
 
	
			 
A CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) revisou de 2,3% para 1,3% a projeção de crescimento do setor de construção em 2025, em reflexo ao ciclo prolongado de juros altos, que tem limitado o ritmo das atividades.
O PIB do setor recuou 0,6% no primeiro trimestre e 0,2% no segundo, na comparação com os períodos imediatamente anteriores.
A produção de insumos típicos da construção ficou praticamente estável entre janeiro e agosto, enquanto o varejo de materiais registrou leve alta de 0,7%.
Na avaliação semestral, o PIB da construção cresceu 1,8% nos primeiros seis meses de 2025, na comparação com igual período do ano anterior.
O setor opera 23% acima do nível registrado antes da pandemia, no final de 2019, conforme dados divulgados nesta segunda-feira (27).
“A construção continua aquecida, mas o custo do crédito tem pesado cada vez mais sobre os investimentos”, afirmou o presidente da CBIC, Renato Correia.
Setor gera novos empregos, mas em menor ritmo
De janeiro a agosto, o setor de Construção gerou 194,5 mil novos empregos formais, queda de 9,3% em relação ao mesmo período de 2024.
A construção de edifícios liderou as contratações, com 74,9 mil novas vagas, conforme dados do Novo Caged, divulgado pelo Ministério do Trabalho.
O número de trabalhadores com carteira assinada chegou a 3,05 milhões em agosto, próximo ao recorde histórico verificado em outubro de 2013. Jovens de 18 a 29 anos representam metade das novas contratações.
O salário médio de admissão da construção é R$ 2.462,70, valor 7,3% superior à média nacional.
“A conjuntura é desafiadora, mas o setor vai crescer pelo terceiro ano consecutivo, gerando empregos formais em todas as regiões do país. A construção tem mostrado resiliência e capacidade de adaptação”, disse Ieda Vasconcelos, economista-chefe da CBIC.
O INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) acumulou alta de 6,78% em 12 meses até setembro, acima do IPCA (5,17%). Os custos com mão de obra subiram 9,88% no período, e a escassez de mão de obra qualificada também preocupa.
“O mercado de trabalho brasileiro está muito aquecido. Dados da PNAD Contínua mostram que a taxa de desocupação no trimestre encerrado em agosto ficou em 5,6%, o menor patamar desde 2012”, destacou a economista-chefe da CBIC.
A taxa de juros foi apontada como o principal obstáculo por empresários do setor pelo quarto trimestre seguido. Desde setembro de 2024, a Selic subiu de 10,5% para 15% ao ano.
O Índice de Confiança da Indústria da Construção, da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e CBIC, ficou em 48 pontos, menor nível desde 2020.
Expectativas para o setor em 2026
Segundo a CBIC, o crescimento do setor deve continuar no próximo ano, impulsionado pelas mudanças nas regras do financiamento imobiliário com recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo).
A expectativa é que R$ 37 bilhões sejam injetados no crédito habitacional já no próximo ano.
Entre janeiro e agosto, o SBPE financiou R$ 97,1 bilhões em crédito imobiliário, recuo de 18% em relação ao mesmo período de 2024.
Do total, R$ 83,8 bilhões foram destinados à aquisição de imóveis, volume 7% inferior ao registrado no ano anterior (R$ 90,1 bilhões). Já o financiamento para construção recuou 53%, passando de R$ 28,4 bilhões para R$ 13,3 bilhões no mesmo intervalo.
Por outro lado, o Programa Reforma Casa Brasil também deve contribuir para a retomada do comércio de materiais de construção, com R$ 40 bilhões previstos para crédito em reformas e ampliações residenciais. Com informações do portal CNN.