Terça-feira, 14 de outubro de 2025

Juros menores no Brasil e nos Estados Unidos devem impulsionar a Bolsa brasileira em 2024

A Bolsa de Valores brasileira conseguiu um bom desempenho em 2023, um ano marcado pelo início de um novo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com mudanças de política fiscal, avanços na reforma tributária e o tão sonhado começo do ciclo de queda da taxa básica de juros do País. No meio de tantos eventos, o Ibovespa chegou à reta final do ano no maior patamar da sua história. Até quinta-feira (28), data do último pregão do ano, o índice marcava 134.185 pontos, com valorização anual de 22,28%.

No primeiro semestre, a política ditou o jogo, para o bem ou para o mal, como relembra Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. “O começo do ano foi negativo. As falas do novo governo sobre revogar reformas impactaram a Bolsa”, diz.

Do segundo semestre em diante, foram os juros que deram o tom ao mercado – no Brasil e no exterior. O Banco Central iniciou o ciclo de cortes na Selic em agosto, principal gatilho positivo. Mas o otimismo não se concretizou: ainda que os juros tenham caído, as atenções se voltaram para a política monetária dos Estados Unidos, que emitia sinais de alerta ao mercado global.

“Ao mesmo tempo, o mercado internacional começou a precificar mais altas de juros nos EUA. Ao invés de dar aquele momento positivo pelo fato de as empresas terem menos juros para pagar suas dívidas, prevaleceu o receio com o cenário externo em boa parte do segundo semestre”, diz Cruz.

Com quedas expressivas em agosto, e outubro devolvendo boa parte dos ganhos acumulados no primeiro semestre, o Ibovespa só foi se recuperar em novembro, quando dados mais positivos da inflação nos EUA indicaram que o ciclo de aperto monetário poderia estar perto do fim. Em sua última reunião, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manteve a taxa de juros no intervalo de 5,25% a 5,50%, nível mais elevado em 22 anos, mas indicou pela primeira vez que pode começar a cortar os juros já em 2024.

Nova perspectiva

O apetite a risco de investidores globais se guiou pelos indicadores de inflação e atividade econômica nos EUA neste ano. Ao menor sinal de que o Fed poderia manter os juros mais altos e por mais tempo, os investidores ficavam mais cautelosos – movimento que afetava o Brasil pois fazia o capital estrangeiro sair do mercado nacional.

Para 2024, isso deve se manter, mas sob uma perspectiva mais positiva. Dados mais favoráveis de inflação nos EUA, divulgados entre outubro e novembro, levaram os agentes do mercado a precificar os ativos tendo em vista o fim ciclo de alta na taxa de juros. A questão agora é quando será possível iniciar as reduções nas taxas.

A expectativa geral é de que os juros americanos comecem a cair a partir de maio. Se o cenário se confirmar, com a inflação dos EUA convergindo para a meta e abrindo espaço para o início dos cortes, pode-se esperar um 2024 de maior apetite ao risco.

A eleição presidencial nos Estados Unidos, marcada para novembro, também deve entrar no radar já que promete ser uma reedição da disputa polarizada de 2020 entre o atual presidente democrata Joe Biden e o ex-presidente republicano Donald Trump. O tema já está inclusive aparecendo em algumas análises e relatórios de bancos no exterior, como do UBS e da Janus Henderson.

Apesar da volatilidade e ruídos que isso pode causar no mercado, não é preciso se preocupar tanto com o impacto da disputa presidencial nos portfólios de investimento. Isso porque, a performance média do S&P 500, o principal índice de ações dos EUA, em anos eleitorais é de 13,1% de valorização, segundo relatório do UBS.

Ibovespa

Ao que tudo indica, a Bolsa brasileira (B3) vai começar o ano nas máximas históricas. A edição de novembro do LatAm Fund Manager Survey, relatório divulgado pelo Bank of America, mostra que 47% dos gestores de fundos da América Latina acreditam que o Ibovespa terminará o ano acima dos 130 mil pontos. Mas apenas 10% veem o principal índice da B3 entre 140 mil e 150 mil pontos ao final de 2024.

No mercado nacional, porém, o sentimento de otimismo. As primeiras projeções para o Ibovespa em 2024 já começaram a sair e mostram que os analistas estão esperando por mais um ano de valorização na Bolsa brasileira.

O cenário base da XP Investimentos prevê que o Ibovespa fechará 2024 aos 142 mil pontos. O entendimento de que as ações brasileiras estão descontadas frente à média histórica também faz o Itaú BBA ter uma visão positiva para 2024 – o banco projeta o Ibovespa a 145 mil pontos no fim do próximo ano.

A Guide Investimentos tem uma projeção ainda mais positiva. O cenário base da corretora é de que o Ibovespa alcance os 155 mil pontos ao final de 2024, apoiado no ciclo de queda de juros e em um possível aumento dos lucros das companhias brasileiras.

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