Quarta-feira, 22 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 22 de outubro de 2025
A 36ª Vara Criminal do Rio de Janeiro absolveu todos os sete acusados pela morte de dez adolescentes no incêndio ocorrido em fevereiro de 2019 no centro de treinamento Ninho do Urubu, do Flamengo. A decisão, assinada pelo juiz Tiago Fernandes de Barros, considerou as provas apresentadas “insuficientes” para estabelecer responsabilidades individuais no caso.
Na madrugada de 8 de fevereiro de 2019, um incêndio atingiu os alojamentos improvisados da base do Flamengo, onde jovens atletas dormiam em contêineres sem alvará de funcionamento. A suspeita é de que um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado tenha iniciado o fogo, que se espalhou rapidamente devido ao material inflamável das estruturas.
O juiz alegou que não foi possível demonstrar culpa penalmente relevante nem estabelecer um nexo causal seguro entre as condutas dos acusados e o incêndio. Segundo ele, a denúncia do Ministério Público foi genérica e não individualizou as responsabilidades técnicas de cada réu.
Além da extinção da punibilidade de Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, por prescrição, foram absolvidos:
– Antônio Marcio Mongelli Garotti – diretor-financeiro do Flamengo;
– Marcelo Maia de Sá – diretor-adjunto de patrimônio;
– Danilo Duarte, Fabio Hilário da Silva e Weslley Gimenes – engenheiros responsáveis pelos contêineres;
– Claudia Pereira Rodrigues – responsável pela assinatura dos contratos da NHJ;
– Edson Colman – sócio da empresa de manutenção dos aparelhos de ar-condicionado.
A Afavinu (Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu) divulgou uma nota oficial manifestando “profundo e irrevogável protesto” contra a decisão judicial. A entidade criticou a ausência de responsabilização penal e afirmou que a Justiça falhou em seu papel pedagógico de prevenir novas tragédias.
“A absolvição dos acusados renova em nós o sentimento de impunidade e fragiliza o mecanismo de proteção à vida e à segurança dos menores em entidades esportivas”, diz o comunicado.
A associação também cobrou medidas concretas do poder público e dos órgãos de fiscalização para garantir auditorias frequentes e manutenção preventiva em alojamentos de atletas em todo o país.
Em tom emocionado, a Afavinu conclamou a imprensa, entidades de direitos humanos e torcedores a não permitirem que essa decisão se torne um precedente perigoso: “Que o amor pelo esporte seja também amor pela segurança, pela ética e pela memória daqueles dez meninos que sonhavam em vestir, com orgulho, a camisa rubro-negra.”