Quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Justiça afasta desembargador na Bahia após soltura de suspeito de liderar facção criminosa

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou o afastamento do desembargador Luiz Fernando Lima, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA). A medida foi tomada após o magistrado determinar a soltura do detento Ednaldo Freire Ferreira, conhecido como Dadá, suspeito de liderar uma das facções criminosas que atuam no estado.

O CNJ apura se o desembargador beneficiou o criminoso com uma decisão que autorizou o cumprimento de prisão domiciliar. O acusado estava em um presídio de segurança máxima, onde cumpria pena de 15 anos de prisão. Atualmente, ele é considerado foragido.

A defesa de Dadá apresentou a justificativa de que o homem tem um filho com autismo que é completamente dependente da figura paterna. A defesa acrescentou que a criança não se alimentava e apresentava dificuldade para dormir, já que só dormia com o pai.

A análise do pedido foi solicitada com urgência, com a justificativa de que naquele mesmo dia o menino havia tido uma nova crise de convulsão por causa do estado emocional vinculado à ausência de Ednaldo.

Dentre os motivos para dar o benefício, a decisão apresentou o artigo 318 do Código de Processo Penal, que prevê que o juiz pode substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o suspeito for imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de seis anos de idade ou com deficiência.

Porém, de acordo com o Ministério Público da Bahia (MP-BA), não há comprovação de que Ednaldo seja o único responsável pelos cuidados especiais do filho e também não há indícios de que ele seja fundamental para o desenvolvimento do menor.

A decisão foi revogada poucos dias depois, mas o suspeito já havia sido liberado e fugido.

Durante a sessão do CNJ nesta terça-feira (17), o corregedor-nacional de Justiça, o ministro Luis Felipe Salomão afirmou que instaurou a reclamação disciplinar contra o desembargador por três motivos:

Decisões divergentes: uma semana antes, em plantão judiciário e com um caso similar, o desembargador teria sido contra a prisão domiciliar de outro suspeito;
Comprovação: não há comprovação de que o filho do suspeito liberado para prisão domiciliar realmente depende da presença paterna;
Aposentadoria: há a suspeita de que o desembargador tenha alterado a idade para conseguir se aposentar.

Conforme o ministro Luís Felipe Salomão, a decisão do magistrado gerou graves danos à segurança pública.

“A decisão teve intuito de beneficiar, injustificadamente, o acusado no caso concreto, com graves danos à segurança pública”, afirmou.

Segundo Salomão, o magistrado do TJ-BA pode ter alterado a idade para conseguir se aposentar mais rápido.

“O que se noticia é que ainda resta ao representado alguns meses de trabalho e há uma dúvida real se ele conseguiu alterar a idade para a aposentadoria. Há esse questionamento, que precisa ser também esclarecido”, disse.

A liberação de Ednaldo ocorre em meio a uma grande onda de violência na Bahia. Desde o mês passado, cerca de 60 pessoas morreram em confrontos entre traficantes e a polícia.

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Política

Sétimo avião com brasileiros resgatados em Israel deve desembarcar nesta madrugada no Rio de Janeiro
Após auxiliar municípios atingidos pela enchente, unidade móvel de Saúde retoma atendimento em Porto Alegre nesta quinta-feira
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play