Terça-feira, 21 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 21 de outubro de 2025
O Tribunal Superior de Bogotá, na Colômbia, absolveu nesta terça-feira (21) o ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe no caso em que ele era acusado por suposto suborno e fraude processual. A decisão é de segunda instância e ainda cabe recurso, que será analisado pela Corte Suprema do país.
Ele havia sido condenado em primeira instância 12 anos de prisão domiciliar, em 1º de agosto. O ex-presidente chegou a ficar preso em sua residência, próxima da cidade de Medellín, mas foi libertado no dia 19 do mesmo mês.
O julgamento do político se estendeu por mais de 13 anos e ainda divide a opinião pública colombiana. Apoiadores do político alegam perseguição. Álvaro Uribe tem 73 anos e governou a Colômbia por dois mandatos consecutivos entre 2002 e 2010. Ele fundou o partido de direita Centro Democrático, principal adversário do governo do atual presidente, Gustavo Petro.
A acusação dizia que Uribe havia subornado três pessoas, entre eles Carlos Enrique Vélez, um ex-paramilitar conhecido pelo codinome Victor.
O Tribunal Superior de Bogotá também anulou, em sua decisão final, as interceptações telefônicas realizadas com a autorização da Corte Suprema em 2018, quando Uribe era senador. Os juízes consideraram que as escutas violaram a privacidade do réu e que não eram direcionadas a ele.
Paramilitares
O processo teve origem em 2012, quando Uribe acusou o senador de esquerda Iván Cepeda de organizar um complô para ligá-lo a grupos paramilitares. No entanto, em 2018, a Suprema Corte concluiu que Cepeda agiu dentro de sua função parlamentar e que Uribe tentou influenciar testemunhas por meio de terceiros.
Uribe chegou a cumprir prisão domiciliar por dois meses em 2020, por determinação da Suprema Corte, sob suspeita de obstrução da justiça. Ele se juntou a uma lista de ex-líderes latino-americanos que enfrentaram processos criminais e até mesmo a prisão.
Durante seu governo, ele promoveu uma ofensiva militar contra guerrilhas de esquerda no conflito armado colombiano, que deixou mais de 450 mil mortos em seis décadas.
Os esquadrões paramilitares ilegais surgiram na década de 1980, financiados por fazendeiros, latifundiários e empresários para se protegerem de ataques da guerrilha, mas acabaram escalando suas ações e cometendo ataques sangrentos.
Uma comissão da verdade apontou que grupos paramilitares, em grande parte desmobilizados em 2005 sob um acordo com o próprio Uribe, foram responsáveis por pelo menos 205 mil assassinatos – o equivalente a mais de 45% das mortes no período.