Terça-feira, 08 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 3 de outubro de 2021
Ambientalistas veem com preocupação o próximo leilão de exploração de petróleo, marcado para esta semana, em área perto do arquipélago de Fernando de Noronha, uma zona de proteção ambiental importante para o Brasil.
Parte dos blocos de petróleo que vão a leilão ficam na região conhecida como Bacia Potiguar, que envolve o arquipélago de Fernando de Noronha, a Reserva Biológica Atol das Rocas – reconhecidos em 2001 como Patrimônio Natural Mundial pela Unesco – e vários montes submarinos.
Estes montes oceânicos têm, de acordo com os especialistas, formação vulcânica. O professor do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco, Moacyr Araújo, diz que, do ponto de vista geológico, a escolha destas áreas não tem sentido.
“É um complicador a mais, até do ponto de vista da própria exploração. Você ter que perfurar rochas vulcânicas antes de chegar a qualquer outro reservatório de óleo, de gás, etc. Do ponto de vista até operacional é uma coisa que foge um pouco à compreensão”, diz.
O leilão está com a data marcada: 7 de outubro. A Agência Nacional de Petróleo oferece ao mercado 92 áreas para exploração de petróleo e gás. Quatorze delas, chamadas de blocos, estariam em uma região descrita pelos estudiosos como um oásis de vida no Oceano Atlântico.
Um vídeo produzido pela Universidade Federal de Pernambuco simula um passeio embaixo da superfície do oceano, passando por Fernando de Noronha, Atol das Rocas e chegando aos blocos de exploração de petróleo, representados por linhas amarelas. Os blocos estariam próximos demais das reservas ricas em vida marinha.
Este é um berçário de diversas espécies. E que, inclusive, ajuda pescadores quem vêm de vários estados do Nordeste para buscar sustento.
“O impacto social desse tipo de intervenção pode ser também muito grande, justamente porque não existem grandes áreas naquela região, onde existe uma produção pesqueira importante”, afirma Moacyr Araújo.
A Agência Nacional do Petróleo afirmou que não foram identificados pelos ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia restrições à oferta dos 14 blocos exploratórios na Bacia Potiguar. Disse que as informações ambientais serão usadas durante o licenciamento ambiental, quando serão avaliados, de maneira aprofundada, os potenciais impactos e riscos ambientais, concluindo-se pela viabilidade, ou não, da exploração de petróleo e gás na região.
O ambientalista Juliano Bueno de Araújo, do Observatório de Petróleo e Gás, diz que não se pode arriscar ao tomar uma decisão que envolva uma área tão preciosa para o meio ambiente.
“Com certeza, eu diria que é uma das grandes aventuras do setor petroleiro no Brasil. A escolha de blocos em cima dos montes marinhos, dos montes oceânicos, aonde toda riqueza e biodiversidade está lá inclusa”, diz Juliano Bueno.
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