Sábado, 28 de junho de 2025

Lesão em área específica do cérebro pode ser responsável por comportamento criminoso, diz estudo

Com sucesso ou não, muitos advogados vêm usando exames de imagem cerebral como prova de defesa em julgamentos. Um novo estudo neurocientífico parece dar fôlego a esses casos ao mostrar que algumas pessoas que cometem crimes apresentam diferenças em partes específicas do cérebro.

Pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital, da Harvard Medical School e de outros institutos nos EUA, analisaram os locais de lesão cerebral temporariamente associados a um novo comportamento criminoso.

Eles encontraram evidências sugerindo que lesões em um trato específico da substância branca — parte mais clara do cérebro, responsável por conectar diferentes áreas e da medula espinhal, permitindo a comunicação e o processamento de informações — podem estar implicadas no comportamento de indivíduos que começam a cometer crimes após a lesão de forma causal, ou seja, explicando essas atitudes.

As descobertas, publicadas na revista científica Molecular Psychiatry, podem ajudar a orientar futuras práticas jurídicas e médicas, auxiliando advogados, juízes e neurologistas a identificar pessoas que podem ter sido induzidas a cometer crimes em decorrência de lesões, derrames ou outras doenças.

“Durante meu treinamento em Neurologia Comportamental, tive a oportunidade única de avaliar pacientes que começaram a cometer atos de violência com o surgimento de tumores cerebrais ou doenças degenerativas”, afirma Isaiah Kletenik, médico neurologista do Brigham and Women’s Hospital e principal autor do artigo.

O objetivo principal do estudo recente de Kletenik e seus colegas foi identificar padrões específicos de lesão cerebral associados a novos comportamentos violentos e criminosos, particularmente em indivíduos que antes eram pouco agressivos e cumpridores da lei.

Ao analisar os dados de imagem dos 17 pacientes e compará-los com os de indivíduos sem histórico de criminalidade, Kletenik e seus colegas descobriram um padrão de lesão cerebral que parecia estar mais fortemente ligado ao surgimento de comportamento criminoso, particularmente crimes violentos. Esse padrão foi caracterizado por lesões em um trato específico da substância branca conhecido como uncinado direito, que conecta regiões do cérebro responsáveis pelo processamento de emoções com outras regiões envolvidas na tomada de decisões.

Embora seja geralmente aceito que lesões cerebrais podem levar a problemas de memória ou função motora, o papel do cérebro na orientação de comportamentos sociais como a criminalidade é mais controverso, uma vez que envolve conceitos de culpabilidade moral e livre-arbítrio.

“Nossos resultados sugerem que, se um indivíduo sofre uma nova lesão cerebral em locais específicos da substância branca, especialmente no fascículo uncinado direito, e apresenta um novo comportamento criminoso, há uma probabilidade maior de que a lesão desempenhe um papel causal no comportamento”, explica Isaiah Kletenik. Com informações do jornal O Globo.

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