Terça-feira, 19 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de agosto de 2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira (18), durante reunião com líderes da Ucrânia e da Europa, que a Rússia “aceitaria” a imposição de garantias de segurança do Ocidente ao país, um ponto central nas discussões sobre um acordo para encerrar a guerra imposta por Moscou há três anos e meio.
Contudo, os europeus insistiram na busca por um cessar-fogo imediato no conflito, algo que parece ter saído da lista de prioridades do líder americano, além de um lugar à mesa em um eventual encontro entre os líderes de Rússia, Ucrânia e Estados Unidos. Em publicação em sua rede social, o Truth Social, Trump disse que “todos estão muito felizes com a possibilidade de PAZ para a Rússia/Ucrânia”.
“O presidente [da Rússia, Vladimir] Putin concordou que a Rússia aceitaria garantias de segurança para a Ucrânia. E este é um dos pontos-chave que precisamos considerar, e vamos considerá-lo na mesa”, afirmou Trump, antes da imprensa deixar a sala de reunião.
“Estou otimista de que, coletivamente, possamos chegar a um acordo que impeça qualquer agressão futura contra a Ucrânia, e realmente acredito que não haverá”, continuou.
Na sexta-feira, durante uma reunião com Putin no Alasca, os dois líderes conversaram sobre propostas de garantir aos ucranianos algum tipo de proteção contra futuras invasões, que não envolvam a adesão do país à Otan, principal aliança militar do Ocidente, liderada pelos EUA, uma linha vermelha para o governo russo, e que também saiu do radar da Casa Branca.
Putin pareceu concordar, em princípio, mas nesta segunda-feira o Kremlin rejeitou um dos pilares do plano: a presença de uma força de paz estrangeira em solo ucraniano. O governo russo ainda não comentou a fala de Trump diante das lideranças europeias.
Antes de se sentar à mesa com os europeus, Trump conversou a sós com Zelensky no Salão Oval. Ele não descartou, ainda diante da imprensa, a eventual participação dos EUA em uma força de paz — no começo do ano, quando a ideia começou a circular dentro de governos europeus, o americano disse que não cederia tropas para a iniciativa, relegando a tarefa aos europeus. Para o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, a mudança de posição do republicano “é um grande passo, é realmente um avanço e faz toda a diferença” no diálogo para o fim da guerra.
Embora o tom, ao menos diante das câmeras, tenha soado harmonioso, as diferenças se fizeram presentes sobre a mesa. Desde o encontro com Putin, Trump diz ter deixado a busca por um cessar-fogo imediato em segundo plano — como queria o líder russo —, e que priorizará um acordo de paz abrangente e duradouro. Já os europeus insistem em uma pausa nos combates.
“Para ser honesto, todos nós gostaríamos de ver um cessar-fogo, o mais tardar a partir da próxima reunião”, disse o chanceler alemão, Friedrich Merz.
Para ele, não é possível imaginar um hipotético encontro trilateral entre Trump, Zelensky e Putin, como tanto quer o presidente americano, sem que seja anunciado um cessar-fogo.
“Todos nesta mesa são a favor da paz”, complementou o presidente francês, Emmanuel Macron, outro defensor do cessar-fogo.
Em resposta, Trump questionou a viabilidade de um cessar-fogo, e voltou a priorizar um acordo definitivo.
“Todos nós obviamente preferiríamos um cessar-fogo imediato enquanto trabalhamos por uma paz duradoura. E talvez algo assim pudesse acontecer. No momento, não está acontecendo”, disse o presidente americano, sugerindo que o tema poderá ser abordado em uma eventual reunião trilateral.