Sexta-feira, 04 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 8 de julho de 2022
De Vladimir Putin a Bolsonaro, o assassinato do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe durante um comício nesta sexta-feira (8) motivou mensagens de lamento, de tristeza e de choque de líderes ainda em atuação e já aposentados ao redor do mundo.
No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PL) decretou luto oficial de três dias. Nas redes sociais, Bolsonaro publicou a decisão e lamentou a morte do líder japonês.
“Como sinal de nosso respeito ao povo japonês, de reconhecimento pela amizade de Shinzo Abe com Brasil e de solidariedade diante de uma crueldade injustificável, decretei luto oficial em todo o país durante 3 dias. Que seu assassinato seja punido com rigor. Estamos com o Japão”, escreveu o presidente no Twitter.
Bolsonaro também manifestou solidariedade à família de Abe e elogiou o ex-primeiro-ministro japonês. “Estendo à família de Abe, bem como aos nossos irmãos japoneses, a minha solidariedade e o desejo de que Deus cuide de suas almas neste momento de dor.”
Na Ásia, o primeiro-ministro, Narendra Modi, chamou Abe de “querido amigo” e disse que seu país observará um dia nacional de luto neste sábado (9), “como uma marca de nosso mais profundo respeito”.
Quando premier, Abe desenvolveu laços estreitos entre o Japão, a democracia mais rica da Ásia, e a Índia, a mais populosa da região, como modo de contraposição à China.
Abe irritou o governo chinês e especialmente o segmento mais nacionalista do Partido Comunista, tanto enquanto estava no cargo quanto depois de deixá-lo, especialmente por pressionar o Japão a aumentar os gastos com Defesa e revisar a cláusula pacifista em sua Constituição
O Ministério das Relações Exteriores chinês mesmo assim adotou um tom brando nesta sexta. A China ficou “chocada” com o ataque, disse o porta-voz Zhao Lijian em uma entrevista coletiva em Pequim, pouco antes da informação da morte de Abe.
“Este incidente inesperado não deve estar ligado às relações China-Japão”, acrescentou o porta-voz.
Na Coreia do Sul, que historicamente tem uma relação tensa com o Japão, que colonizou o vizinho, o presidente , Yoon Suk-yeol, enviou uma carta à viúva de Abe, Akie, na qual chamou o atentado de “crime inaceitável”.
Em um comunicado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que está “atordoado, indignado e profundamente entristecido” pela morte de Shinzo Abe, descrevendo sua morte como uma “tragédia para o Japão e para todos que o conheciam”.
“O primeiro-ministro japonês no cargo mais antigo, sua visão de um Indo-Pacífico livre e aberto perdurará. Acima de tudo, ele se preocupava profundamente com o povo japonês e dedicou sua vida ao serviço deles. Mesmo no momento em que foi atacado, ele estava engajado no trabalho da democracia”, disse Biden, no que pode ser entendido como uma crítica implícita à China.
Biden também afirmou que “embora existam muitos detalhes que ainda não sabemos, sabemos que ataques violentos nunca são aceitáveis e que a violência armada sempre deixa uma cicatriz profunda nas comunidades afetadas por ela”.
Já o ex-presidente americano Donald Trump — que, apesar de adotar políticas que desagradaram Tóquio, como estabelecer pontes de diálogo com a Coreia do Norte, mesmo assim desenvolveu uma relação próxima com Abe enquanto estava no cargo — divulgou uma mensagem mesmo antes da confirmação da morte.
Trump saudou Abe como um “verdadeiramente grande homem e líder” e o chamou de “um verdadeiro amigo meu e, muito mais importante, dos Estados Unidos”.
A Rússia, cujas relações com o Japão estão tensas após Tóquio impor sanções em resposta à invasão da Ucrânia, também manifestou pesar. Vladimir Putin enviou uma mensagem de lamento à mãe e à viúva de Abe, na qual o chamou de “um estadista excepcional, que fez muito pelas boas relações de vizinhança” entre a Rússia e o Japão durante seu mandato.
Putin disse que, durante seus contatos com o político japonês, apreciou muito suas qualidades pessoais e profissionais.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse estar “atordoado e profundamente entristecido’.
“Estamos ao lado do Japão mesmo nestas horas difíceis”, tuitou Scholz, expressando suas mais profundas condolências à família de Abe.
Na França, o presidente Emmanuel Macron escreveu que o “Japão perdeu um grande primeiro-ministro, que dedicou sua vida ao seu país e trabalhou para garantir a ordem no mundo.”
De saída do cargo, o premier britânico Boris Johnson descreveu o assassinato como uma notícia “incrivelmente triste”. “Sua liderança global em tempos desconhecidos será lembrada por muitos. Meus pensamentos estão com sua família, amigos e o povo japonês.”
A chefe do Executivo da União Europeia, Ursula von der Leyen, chamou o ataque de “assassinato brutal e covarde”, acrescentando que uma “pessoa maravilhosa, um grande democrata e um defensor da ordem mundial multilateral faleceu”.