Domingo, 06 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 15 de maio de 2023
A varejista Marisa é alvo de dez ações de despejo na Justiça por inadimplência em contratos de aluguel de imóveis. As ações começaram em fevereiro deste ano, quando a empresa admitiu a incapacidade de honrar pagamentos que somam cerca de R$ 600 milhões e iniciou conversas com credores para renegociar prazos e rolar as dívidas.
A ação mais recente, de 3 de maio, pede o pagamento de R$ 413.113,32. No total, o valor das ações chega a R$ 10,1 milhões.
A Marisa informou que renegociou contratos com vários fornecedores, incluindo locadores de imóveis. “Essas renegociações estão, em sua maior parte, concluídas, sendo certo que a companhia vai procurar uma composição amigável com toda sua ampla rede de parceiros”, informou a empresa.
Na última semana, a Marisa enfrentou pedidos de falência por parte de três credores, por conta de uma inadimplência de R$ 800 mil. A empresa tem fechado lojas, que empregam, em média, 20 pessoas.
A busca pelo equilíbrio financeiro é a meta do presidente João Pinheiro Nogueira Batista, o quarto ocupante do cargo em menos de um ano. O executivo tem ido pessoalmente a lojas que decidiu fechar para fazer as contas voltarem ao azul. Batista criticou a competição de empresas como a Shein, que vendem artigos de moda pagando menos impostos do que uma varejista local. A estimativa é de que a Marisa feche 90 lojas no País.
O caso da Marisa, assim como o da Tok&Stock, eclodiu depois do rombo bilionário nas Americanas, que deixou os bancos mais criteriosos na concessão de crédito para as varejistas.
Onda de falências
A onda de recuperação judicial esperada para 2020, por causa das restrições da pandemia, chegou com quase três anos de atraso. Nos últimos meses, as empresas tiveram de conviver tanto com o fim dos programas governamentais e o vencimento de dívidas renegociadas no passado pelos bancos quanto com juros altos (Selic de 13,75%, a maior desde 2017), inflação pressionada e consumo fraco.
Nesse cenário, companhias recorrem à Justiça para ganhar tempo, arrumar a casa e preservar o negócio. Em janeiro, o volume de recuperações judiciais requeridas foi o maior para o mês em três anos, segundo dados da Serasa Experian. E a perspectiva, segundo consultorias, é que haja um boom de pedidos de recuperação e de falências no primeiro quadrimestre.
Pelos dados da Serasa, 92 companhias pediram ajuda da Justiça para adiar o pagamento de dívidas em janeiro, segundo o levantamento da Serasa Experian. A alta é de 37,3% ante janeiro de 2022 e de quase 90% ante janeiro de 2021.