Segunda-feira, 06 de outubro de 2025

Lula avalia Boulos no Planalto para melhorar elo com movimentos sociais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) sobre a possibilidade de ele assumir a Secretaria-Geral da Presidência, pasta responsável pela articulação com os movimentos sociais e ocupada atualmente pelo ministro Márcio Macêdo (PT). Aliados de Lula dizem que o encontro ocorreu a portas fechadas, há cerca de três semanas, no Palácio da Alvorada.

Embora não tenha feito um convite formal, Lula perguntou a Boulos se ele estaria disposto a abrir mão da reeleição na Câmara dos Deputados para assumir o cargo e permanecer até o fim do mandato. O deputado, que foi o mais votado de São Paulo na última eleição, respondeu que sim e acrescentou que está comprometido com a reeleição do petista.

O presidente tem evitado nomear ministros que disputarão no próximo ano, já que, conforme a legislação eleitoral, eles precisariam deixar o governo até abril de 2026, ficando menos de um ano no cargo. Foi o caso, por exemplo, de Alexandre Padilha, transferido da Secretaria de Relações Institucionais para o Ministério da Saúde com o compromisso de não concorrer no ano que vem.

Lula não formalizou a proposta a Boulos, alegando que a indicação dependerá do xadrez da reforma ministerial, que já provocou a saída e realocação de vários ministros. A troca mais recente foi a demissão de Cida Gonçalves do Ministério das Mulheres.

Embora não seja consenso dentro do PSOL, a possível indicação de Boulos enfrenta menos resistência agora do que há alguns meses. Quando a possibilidade de ele ingressar no governo veio à tona pela primeira vez, no início do ano, parlamentares do partido lembraram que o diretório nacional havia decidido manter independência em relação ao governo federal. Hoje, no entanto, a avaliação interna é de que o clima está mais favorável, com o partido mais unido desde a votação da cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) na Comissão de Ética da Câmara.

Apesar da pacificação interna, há preocupação com a repercussão eleitoral de uma eventual ida de Boulos para o governo, já que o PSOL perderia um de seus principais puxadores de votos na próxima eleição, o que pode reduzir o número de cadeiras do partido. Nesse cenário, que já é admitido internamente, o PSOL deve apostar na deputada federal Erika Hilton como seu principal nome nas urnas.

No PT, alguns deputados destacam a boa relação com Boulos, mas há quem demonstre desconforto com a possível escolha, principalmente porque ela resultaria na perda de um ministério para o PSOL, que já tem Sonia Guajajara no Ministério dos Povos Indígenas. Dentro do partido, dois nomes são citados como alternativas ao líder sem-teto: o coordenador do grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, e o deputado federal Paulo Pimenta (RS), demitido da Secretaria de Comunicação Social (Secom) em janeiro.

Marco Aurélio é amigo do presidente e foi cotado para o governo no início da gestão, mas acabou vetado pela então presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que emplacou Macêdo. Marco Aurélio tem dito a aliados que o seu momento de entrar no governo passou e que prefere seguir atuando pela sociedade civil.

Embora sejam mais simpáticos a uma solução caseira, petistas reconhecem que é preferível escolher Boulos a manter Márcio Macêdo, cuja fritura se tornou aberta e quase unânime dentro do partido. Um petista ouvido reservadamente disse que “pior que está não fica”, citando o bordão do deputado federal e palhaço Tiririca (PL-SP). O atual ocupante da pasta alvo de críticas por não ter conseguido melhorar a relação do governo com os movimentos sociais, que se queixam da falta de diálogo com Lula.

De um lado, petistas avaliam que a entrada de Boulos, se confirmada, pode ajudar o governo a se reconectar com os movimentos sociais. De outro, ponderam que a escolha mantém a cozinha do governo restrita a aliados próximos, sem ampliar o espaço para outros partidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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