Segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Lula demite aliados de olho em 2026, mas o Centrão ainda controla R$ 97 bilhões e 63 cargos no governo

Mesmo após as demissões promovida pelo governo Lula para retaliar “aliados infiéis”, o Centrão ainda controla R$ 97 bilhões em orçamento distribuídos em ao menos 63 cargos estratégicos na máquina federal. A ofensiva ocorre após sucessivas derrotas do Planalto no Congresso e busca recompor a base aliada com foco nas eleições de 2026.

Levantamento realizado pelo Estadão mostra que o bloco formado por PP, União Brasil, Republicanos, PSD e MDB mantém influência sobre o governo por meio de ministérios e de postos-chave em presidências e diretorias de agências reguladoras, estatais e autarquias.

O grupo administra R$ 97,8 bilhões, valor equivalente ao total autorizado para as pastas da Fazenda; Justiça e Segurança Pública; Ciência e Tecnologia; Cultura; Relações Exteriores; Meio Ambiente; Desenvolvimento, Indústria e Comércio; Povos Indígenas; Direitos Humanos; Mulheres; Empreendedorismo e Igualdade Racial – que, juntas, somam R$ 82 bilhões.

Mesmo com essa estrutura, integrantes desses partidos têm votado contra a orientação do Planalto em pautas centrais. Como mostrou o Estadão, o governo Lula 3 enfrenta a base aliada mais infiel dos últimos 30 anos, o que levou recentemente à rejeição da Medida Provisória 1.303, cujo texto buscava compensar a perda de arrecadação e garantir R$ 20,6 bilhões extras para 2026, ano eleitoral.

Em reação, o governo, por meio da Secretaria de Relações Institucionais, iniciou uma série de demissões de indicados desses partidos em órgãos e estruturas vinculadas a ministérios. O movimento busca abrir espaço para novas nomeações em troca de apoio de aliados nas votações prioritárias até as eleições de 2026.

Apesar das demissões, a influência do Centrão no governo permanece alta. O PSD segue no comando de três ministérios estratégicos: Agricultura, Minas e Energia e Pesca, que juntos concentram R$ 22,8 bilhões. O partido é comandado por Gilberto Kassab, que atua como secretário de Governo e Relações Institucionais do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas – principal nome da direita para disputar a Presidência em 2026.

A sigla tem indicações na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, cujo orçamento total é de R$ 3,8 bilhões em 2025. Também emplacou nomes na Secretaria-Executiva do Ministério da Agricultura, na Secretaria Nacional de Pesca Industrial e na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O MDB, por sua vez, comanda diretamente ministérios e cargos de peso, à frente das pastas de Cidades, Planejamento e Orçamento e Transportes, que somam R$ 51,8 bilhões. O partido mantém indicações no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável por um orçamento de R$ 15,3 bilhões, além da Secretaria-Executiva do Ministério das Cidades, da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental e da Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana, entre outros postos estratégicos.

O União Brasil também preserva áreas importantes da máquina federal. Embora tenha anunciado o desembarque do governo, o partido continua à frente do Ministério do Turismo, que administra R$ 3,1 bilhões. Um dos principais nomes da legenda, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, tornou-se o principal fiador do governo Lula no Congresso e emplacou as indicações para o comando dos ministérios da Integração e do Desenvolvimento Regional e das Comunicações, que somam R$ 12,2 bilhões.

 

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