Domingo, 11 de maio de 2025

Lula determinou ao ministro de Minas e Energia que entre em acordo com o presidente do Senado e passa a admitir possibilidade seu auxiliar

O presidente Lula tem dado sinais de que pode vir a ceder à insistente pressão do presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para tirar do cargo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, caso os dois não entrem num acordo.

De acordo com interlocutores do presidente e do ministro, Lula, que vinha bancando Silveira publicamente, inclusive em entrevistas, determinou agora ao ministro que se entenda com o ex-aliado durante a viagem à Rússia e à China. Os dois fazem parte da comitiva oficial do presidente. O grupo ficará no exterior até terça-feira (13) .

Alcolumbre vem tentando apear Silveira do cargo desde que assumiu a presidência do Senado, no início do ano. Em conversas fechadas, ele chegou inclusive a pedir a cabeça do ministro diretamente a Lula. No início de abril, ele chegou a dizer em um almoço com lideranças do União Brasil que Silveira é corrupto e admitiu que não vai descansar enquanto não conseguir a sua demissão.

Depois disso, Silveira até tentou conversar com Davi, mas não conseguiu ser recebido.

Mudança

Até agora o presidente vinha resistindo à ofensiva. Em fevereiro, poucos dias após a eleição de Alcolumbre para a presidência do Senado, Lula chegou a descartar a demissão de Silveira.

“Silveira é um ministro excepcional. Poucas vezes o Ministério de Minas e Energia teve um ministro com a competência, a vontade de brigar, como o Silveira. Ele será mantido ministro. Não há porque mexer em uma coisa que está fazendo uma revolução no setor energético e de minas do país”, declarou o petista à época.

Mas, nas últimas semanas, seus aliados começaram a notar uma mudança de postura. Se antes Lula não admitia nem falar da hipótese, agora ele passou a concordar quando alguém observa que não tem como um ministério ter sucesso brigando o tempo todo com o comandante do Senado.

Histórico

Alcolumbre, Silveira e o ex-presidente da Casa Rodrigo Pacheco (PSD-MG) já foram aliados no início do governo. Os dois senadores inclusive apadrinharam a nomeação do ministro, mas depois romperam com ele, alegando que Silveira não respeitou os acordos de divisão de poder no setor de energia.

A rixa entre os dois ganhou ainda mais voltagem nos últimos meses, quando passou a reproduzir o embate entre pesos-pesados do mercado de energia: Carlos Suarez, conhecido como o “rei do gás”, que tem uma disputa com a Âmbar, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que compraram térmicas da Eletrobras na Amazônia. Suarez é contra a aquisição por alegar que a estatal Cigás, controlada por ele, deveria ter sido consultada.

Nos pleitos a Lula, Alcolumbre tem dito que, além da queda do ministro, ele quer que uma das vagas abertas para a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) seja ocupada pelo candidato de seu grupo. Willamy Frota, ex-presidente da Amazonas Energia, também ligado a Suarez, é bancado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM).

Silveira, que insistia na indicação de seu secretário nacional de Energia Elétrica, Gentil Nogueira de Sá Junior, também já entendeu que não tem a mesma força com Lula, e começou a afirmar nos bastidores que abre mão da indicação para Alcolumbre.

Esta não é a primeira tentativa de Lula de promover uma acordo entre os dois inimigos. Na última viagem ao Japão, no final de março, em que Alcolumbre e Pacheco compunham a comitiva assim como Silveira, também houve um movimento de aproximação que fracassou.

Estratégia

De acordo com aliados do ministro, Lula está bastante tenso porque acha que talvez seja a última chance de conseguir um equilíbrio que o permita se manter no cargo. O pedido de Lula a Silveira para que se entenda com o rival do Senado foi entendido como um aviso.

O presidente viu nos últimos dias crescer a pressão sobre o governo no Senado, com um pedido de CPI mista para investigar as fraudes no INSS e com a discussão sobre um projeto que reduz a pena para envolvidos em ataques contra a democracia. A depender de como as coisas evoluírem, talvez não tenha condições de segurar o ímpeto de Alcolumbre. Com informações da Folha de S. Paulo

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