Terça-feira, 23 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 22 de dezembro de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve vetar o projeto de lei 2.162 de 2023, conhecido como PL da Dosimetria, até 8 de janeiro, disse o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), nessa segunda-feira (22). A declaração foi feita durante entrevista à Rádio Metrópole, da Bahia.
O PL da Dosimetria – alternativa ao PL da Anistia – foi aprovado pelo Senado no dia 17. O projeto de lei reduz a pena de condenados por tentativa de golpe de Estado depois da derrota de Jair Bolsonaro para Lula em 2022. O ex-presidente é um dos beneficiados. O texto teve 48 votos favoráveis, 25 contrários e uma abstenção.
“Dia 8 de janeiro, o presidente Lula vai fazer um ato para que a gente não deixe passar a lembrança daquele dia triste que foi uma afronta à democracia. Não sei que dia que ele vai assinar o veto, mas ele vai assinar o veto daqui até o dia 8 de janeiro”, disse Jaques Wagner na entrevista.
O líder do governo no Senado está no centro de um imbróglio político envolvendo o PL da Dosimetria. Jaques Wagner fez um acordo com a oposição, sem consultar o governo, para votar o projeto. De acordo com o próprio senador, não havia motivo para “empurrar com a barriga” algo que já estava claro que seria aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), onde o texto tramitava antes de seguir para o plenário da Casa.
“A mim não me motiva empurrar com a barriga aquilo que já está claro que vai acontecer. (…) Então eu fiz (um acordo), sem consultar o presidente da República ou a ministra Gleisi (Hoffmann)”, afirmou Jaques Wagner à imprensa. “Quem tá na política tem que se arriscar. Fiz um acordo de procedimento, e não me arrependo (…) Mas o governo vai continuar orientando contra essa matéria”, declarou no dia da aprovação.
A decisão foi tomada após 3 requerimentos da base governista para tentar adiar a votação do projeto na CCJ terem sido derrotados. Mas o acordo feito por Jaques Wagner não foi bem recebido por senadores contrários ao PL da Dosimetria.
Na comissão, Renan Calheiros (MDB-AL) disse que o projeto “é um retrocesso institucional e jurídico sob qualquer perspectiva que se examine”, e chamou a negociação do líder do Governo no Senado de “farsa”.
“Eu não vou participar aqui de farsa nenhuma para possibilitar a votação dessa matéria para que o Governo aprecie uma outra matéria logo mais, à tarde, no Plenário do Senado Federal. Isso não pode acontecer. A maturidade da sociedade brasileira não permitirá”, afirmou.
O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) também se manifestou na CCJ:
“Nos bastidores, o que está acontecendo é um grande acordo que envolve o ministro (do Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, que interagiu com deputados e senadores por diversas vezes e se sente no direito até de sugerir texto, mas no tribunal, verbaliza opinião contrária, de que o Congresso vai muito mal”, afirmou.
Na última terça (16), o MDB havia fechado questão para votar contra o PL 2.162 de 2023. (Com informações do portal Poder360)