Quarta-feira, 13 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 12 de agosto de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que vai assinar nesta quarta-feira (13) uma Medida Provisória (MP) para criar uma linha de crédito de R$ 30 bilhões destinada a empresas que foram prejudicadas pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Desde o último dia 6, produtos brasileiros exportados para os EUA são taxados em 50%, exceto uma lista de quase 700 exceções, como suco de laranja e aviões. O anúncio foi feito em entrevista ao programa ‘O É da coisa’, da Rádio e TV Band News, na tarde desta terça (12).
“Amanhã [quarta] eu vou assinar uma medida provisória que cria uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para as empresas brasileiras que porventura tiverem prejuízos com a taxação do Trump. R$ 30 bilhões é o começo — afirmou Lula.
Questionado pelo apresentador, Reinaldo Azevedo, se também lançaria mão de compras governamentais dos produtos taxados para aliviar o tarifaço, Lula confirmou a hipótese e citou “conteúdo nacional” sem detalhar do que se trata:
“Vai, vai, vai ter. A gente vai ter crédito, compras governamentais e abertura de novos mercados (outros destinos para esses produtos). E vai ter (prioridade para) conteúdo nacional também, nas coisas que nós fabricamos aqui, porque nós vamos garantir a sobrevivência das empresas brasileiras, como eu acho que todos os outros países vão fazer um sacrifício enorme para as empresas deles”.
O presidente deu a entender que as medidas seriam principalmente focadas em pequenas empresas:
“Vai ter uma política de crédito que a gente está pensando em ajudar, sobretudo as pequenas empresas, o pessoal que exporta fruta, mel e outras coisas. Então, nós vamos aprovar amanhã (o pacote) e eu acho que vai ser extremamente importante para que a gente possa mostrar que ninguém fica desamparado por conta da taxação do presidente Trump”, afirmou o presidente.
Lula também voltou a defender que o comércio entre países dos BRICS seja feito com moedas desses países, e não em dólar, um dos motivos que levaram Trump à taxação.
“A gente não quer mexer com o dólar, o dólar é uma moeda importante, os EUA têm a máquina que roda essa moeda, mas nós podemos discutir nos Brics a necessidade de uma moeda de comércio entre nós dos Brics. Eu não recuo dessa ideia, porque é preciso testá-la”, disse.
Na entrevista, o petista afirmou ainda que o tarifaço de Trump vai aumentar os preços para os americanos — citando inclusive uma suposta picanha sendo vendida a 150 dólares nos EUA, o equivalente a R$ 810 na cotação atual.
“Uma das coisas que eu acho é que o presidente Trump não pensou, embora ele diga que está juntando muito dinheiro (com a arrecadação do tarifaço), que os produtos taxados em todos os países do mundo vão aumentar os preços nos Estados Unidos. Não existe milagre. A economia não tem milagre. Eles não ficarão impunes, porque o povo americano vai sofrer. Trump vai sofrer as consequências dessa taxação”, afirmou.
E afirmou que os americanos já estariam sentido a alta dos preços no supermercado:
“Aliás, para quem reclama, eu queria que você entrasse no site americano e procurasse uma picanha. Uma picanha hoje estava sendo vendida a US$ 150”, frisou.