Terça-feira, 19 de agosto de 2025

Lula enfrenta dificuldades para formar frente ampla: negociações com partidos de centro mostram cenário de fragmentação

As primeiras negociações entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os partidos de centro apontam para um cenário de fragmentação da frente ampla governista na disputa presidencial de 2026. Lula fez consultas a dirigentes e ministros de três partidos da base aliada – MDB, União Brasil e PSD –, mas nenhum deles se comprometeu com um apoio à reeleição do presidente.

Algumas legendas deixaram claro que poderão lançar candidatos próprios na corrida presidencial do próximo ano.

Apesar dos anseios do PT, a tendência é que dificilmente Lula conseguirá efetivar a formação de uma frente ampla no cenário nacional. Em vez disso, as conversas apontam para um cenário partidário similar ao de 2022, com as siglas divididas nos Estados e palanques forjados com ajuda de dirigentes partidários locais.

Uma das tratativas que PT e Lula tinham esperanças de culminar numa aliança nacional era com o PSD, de Gilberto Kassab. O presidente reuniu-se com Kassab e líderes da sigla na primeira semana de agosto, mas ouviu do partido que não há espaço para uma composição com os petistas. Na conversa, Kassab deixou claro ao presidente que pretende lançar um nome do PSD à Presidência em 2026.

“Foi uma conversa boa e civilizada (entre os dois). Ele (Kassab) não sinalizou intenção (de lançar um nome do partido), ele afirmou diretamente (ao Lula) que o PSD terá candidato próprio”, afirmou um interlocutor. Atualmente, há dois nomes que despontam para representar o PSD na corrida presidencial de 2026. São eles os governadores do Paraná, Ratinho Junior, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

Apesar disso, fontes do partido admitem que Ratinho Junior está na frente nessa disputa e, por isso, caminha para ser o nome lançado pelo PSD.

A notícia embola o cenário eleitoral para Lula, porque há uma mudança significativa em relação ao que se estabeleceu entre PT e PSD na eleição de 2022. Naquela ocasião, o partido de Kassab não teve candidato próprio, o que facilitou articulações para que o PT construísse apoios com integrantes da legenda nos Estados de maneira individual.

Isso foi possível por conta do fato de que, sem um candidato próprio, o PSD liberou seus diretórios estaduais para negociarem coligações com base nos interesses locais. Segundo uma fonte do partido, não funcionará da mesma forma se Ratinho Junior efetivamente for lançado pela sigla no ano que vem.

Esse entendimento pode impactar, por exemplo, os planos de Lula em Minas Gerais, Estado onde o presidente busca construir uma chapa conjunta o PSD.

Lula e Alcolumbre

Nesse esforço pelas composições políticas, Lula também se reuniu nos últimos dias com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), um dos principais dirigentes do União Brasil. Assim como o PSD, o partido também tem cargos na Esplanada, e, ainda assim, busca manter o discurso de “independência” no Congresso Nacional. O União Brasil conta com três ministérios no governo do presidente Lula.

Apesar da proximidade entre Lula e Alcolumbre, o presidente tem demonstrado irritação, nos bastidores, com a postura de dirigentes do União Brasil, como é o caso do presidente nacional da sigla, Antônio de Rueda, que critica publicamente a postura do governo petista nas negociações sobre o tarifaço com os EUA.

Para complicar o cenário, o União Brasil deve formalizar nesta semana uma federação com o Progressistas, o que tende a afastar o grupo ainda mais do governo Lula. O presidente nacional do PP é o senador Ciro Nogueira (PI), ex ministro do governo Bolsonaro e adversário ferrenho dos governos petistas. O partido, no entanto, tem um ministério.

Há ainda o caso do MDB, partido que também pode lançar candidato próprio no ano que vem, mas não descarta apoiar, eventualmente, uma candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Diante disso, no cenário mais otimista para Lula, a legenda teria que liberar seus diretórios estaduais para construírem coligações pontuais. (Com informações do Valor Econômico)

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