Segunda-feira, 10 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 10 de novembro de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta dificuldades para montar palanques competitivos que sustentem sua candidatura em São Paulo e Minas Gerais, os dois maiores colégios eleitorais do País, na disputa de 2026.
Além disso, não tem garantia de apoio incondicional no Rio de Janeiro. Até agora, o “Triângulo das Bermudas” – como ficou conhecido o eixo formado por São Paulo, Minas e Rio – é uma equação indefinida para Lula.
Em São Paulo, nenhum nome cogitado pelo presidente deseja entrar no páreo. Lula já sondou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), para dois cenários: ser candidato ao Senado ou à sucessão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Haddad disse que não quer disputar eleição em 2026. Ex-prefeito, ele foi derrotado por Tarcísio em 2022 e hoje está em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para o Senado.
O Palácio do Planalto e a cúpula do PT apostam no titular da Fazenda para vencer a direita – que tem chance de aumentar suas cadeiras na Casa de Salão Azul – e vão pressioná-lo a aceitar a “missão”.
Ministros do PT e dirigentes do partido argumentam que ninguém melhor do que Haddad para divulgar na campanha o carro-chefe da plataforma de Lula: a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Haddad responde que pode fazer isso sem ser candidato.
O campo bolsonarista, por sua vez, virá com propostas para o endurecimento das forças de segurança após a operação policial contra o Comando Vermelho, no Rio, que deixou 121 mortos.
Antes criticado por uma ala do PT, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) é agora visto como um parceiro importante e fiel, que pode ser deslocado para desempenhar outra função. Mas Lula só abriria mão de fazer dobradinha com Alckmin em 2026 se algum partido grande, como o MDB ou o PSD, exigisse a vice para entrar oficialmente na aliança.
Hoje, porém, não é essa a tendência: os dois partidos têm grupos que vão apoiar Lula nos Estados, mas não querem fazer coligação formal com o PT.
De toda forma, mesmo que concorra novamente como vice de Lula – e não ao Senado, como se cogita –, Alckmin terá de deixar no começo de abril o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, que comanda desde o início do governo.
O passe do vice-presidente, que já governou São Paulo quatro vezes, foi ainda mais valorizado após seu papel nas negociações para reduzir o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros.
Alckmin não fala sobre seu futuro político. “Eu vou ser candidato a presidente do Santos Futebol Clube”, desconversa ele, sempre que é questionado a respeito das eleições de 2026.
O vice perdeu eleitores conservadores ao apoiar Lula em 2022 e não quer ir para nova corrida ao Palácio dos Bandeirantes. Já no ministério do Desenvolvimento, o secretário-executivo, Márcio Elias Rosa, deve ocupar a vaga de Alckmin.
O jogo em São Paulo tem, ainda, outra personagem: integrante da equipe econômica, a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), disputará o Senado. O PT deseja que Simone seja candidata por São Paulo, mas, para tanto, ela precisará mudar o domicílio eleitoral, hoje no Mato Grosso do Sul, e até mesmo de partido. Motivo: o MDB não pretende se aliar a Lula.