Segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Lula inaugura fábrica da Hemobrás: “Perdemos vidas precocemente por não termos tratamento adequado”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou, nessa quinta-feira (4), a nova fábrica de Fator VIII Recombinante da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás). Segundo a empresa, a nova fábrica tem capacidade para produzir, por ano, 1,2 bilhão de unidades internacionais (UIs) de medicamentos para hemofilia tipo A.

A unidade, que fica em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, faz parte do complexo industrial da estatal, que está sendo construída há 14 anos e só deve ser concluída em 2025. A obra já foi alvo de investigação e chegou a ser paralisada em 2016.

O presidente cumpre agenda em Pernambuco desde a manhã dessa quinta. Primeiro, ele participou da inauguração de uma estação elevatória da Adutora do Agreste, em Arcoverde, no Sertão do Estado. À noite, após a cerimônia em Goiana, Lula seguiu para o Recife, onde sancionou a lei que cria o Sistema Nacional de Cultura (SNC).

Ao inaugurar a fábrica, Lula lembrou do sociólogo Herbert José de Sousa, conhecido como Betinho, e o irmão dele, o cartunista e jornalista Henrique de Souza Filho, o Henfil. Eles eram hemofílicos e ambos morreram por complicações causadas pela Aids, após contraírem HIV por meio de transfusões de sangue para tratar a hemofilia.

“Em meio à luta por um país melhor, Betinho e Henfil também travaram uma dura batalha contra as consequências e complicações da hemofilia. Era um tempo em que as pessoas com hemofilia sofriam com a falta de tratamento profilático, constantes internações e transfusões de sangue. Uma época em que não tínhamos ainda o rigor de hoje na coleta e destinação das doações de sangue. Perdemos vidas precocemente por não termos tratamento adequado aos portadores de hemofilia”, afirmou o presidente.

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 15 mil pessoas em todo o país fazem tratamento para hemofilia A, doença que afeta a coagulação sanguínea.

Lula declarou, ainda, que a inauguração da fábrica representa uma “resposta concreta” a uma estratégia nacional de desenvolvimento econômico.

“Nosso objetivo, ao criar essa estratégia, é expandir a produção nacional de itens prioritários para o SUS, além de reduzir a nossa dependência de insumos, medicamentos, vacinas e outros produtos estrangeiros da saúde”, disse o presidente.

A inauguração da primeira fábrica de produção nacional de Fator Recombinante foi anunciada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, que foi ao Recife na quarta-feira (3). Nessa quinta, ela afirmou que a Hemobrás é considerada uma empresa estratégica de defesa e se colocou contrária à proposta de comercializar plasma sanguíneo, tema de um proposta de emenda à Constituição (PEC) que tramita no Congresso Nacional.

“Só cinco países detêm a tecnologia que o Brasil agora deterá. Então, é um dia para celebrarmos uma etapa tão importante em defesa da vida, em defesa da ciência e tecnologia, na ideia de que sangue não é mercadoria e está na origem desse processo lá na Constituição de 88. Reafirmamos essa ideia hoje”, afirmou a ministra.

Obra

Inaugurada seis meses depois do previsto, a fábrica de Fator VIII Recombinante era uma das duas unidades que faltavam para a conclusão das obras da Hemobrás. Só a construção do bloco industrial custou R$ 1,2 bilhão, conforme a estatal.

A nova fábrica vai operar com 1,4 mil funcionários. Durante as obras, de acordo com a companhia, foram gerados 2.800 empregos, sendo 2 mil diretos e 800 indiretos.

De acordo com o governo federal, a fábrica de Fator VIII Recombinante vai zerar o custo de importação dos remédios, que hoje é de US$ 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão).

Além disso, com a produção 100% nacional, a expectativa é que o preço dos produtos distribuídos ao Sistema Único de Saúde (SUS) seja reduzido em torno de 30%.

Sistema Nacional de Cultura

De Goiana, o presidente foi ao Recife para sancionar a lei que cria o marco regulatório do Sistema Nacional de Cultura (SNC). Aprovado pelo Senado em março, o texto vai guiar e organizar as políticas públicas voltadas ao setor cultural.

O evento foi realizado no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, na Zona Sul da capital pernambucana, com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes.

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