Sexta-feira, 04 de julho de 2025

Lula radicaliza e leva às ruas a narrativa de “pobres contra ricos”

Em clima de disputa com o Congresso por conta da derrubada do decreto que visava o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, intensificou o discurso de “ricos contra pobres” e de “justiça tributária”.

Na última quarta (2), durante evento de celebração do Dia da Independência da Bahia, em Salvador, Lula exibiu um cartaz que pede a “taxação dos super ricos” e publicou a imagem nas redes sociais, indicando que a narrativa deverá, de fato, ser adotada pelo Planalto.

“Mais justiça tributária e menos desigualdade. É sobre isso”, disse Lula, em publicação nas redes sociais.

Em entrevista à Rádio Jornal na última terça-feira (1º), o cientista político Adriano Oliveira previu o movimento de Lula e do Planalto, indicando que a narrativa de justiça tributária deve dar o tom dos petistas para as eleições de 2026.

“Lula já desistiu do Centrão, já desistiu também de negociar com o Congresso. Vai colocar a sua pauta de esquerda e vai dividir a eleição entre ricos e pobres. Vai tentar ganhar a eleição de maneira apertada. Esta é a visão do presidente Lula e nada tende a mudar”, afirmou Adriano.

A taxação dos super ricos se tornou a principal estratégia da comunicação do governo Lula, agora intensificada em meio à crise com o Congresso Nacional. Na última semana, o PT lançou a campanha “Taxação BBB: Bilionários, Bets e Bancos”, agora adotada pelo Planalto, com a missão de pressionar o Congresso para a aprovação da pauta.

O objetivo do governo, com a taxação dos super ricos, é compensar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, uma das principais promessas de campanha de Lula em 2022.

A campanha surge em um momento de queda de popularidade de Lula, que chegou, em 2025, aos piores números de avaliação desde o início do mandato.

Com a nova estratégia adotada, o governo atua para intensificar e popularizar a narrativa de justiça tributária e uma dualidade entre ricos e pobres, se tornando o mote para a campanha de Lula à reeleição em 2026.

“É trazer de volta, a partir de um discurso da justiça tributária, que o governo Lula defende os pobres, de que o governo Lula quer taxar os ricos, mas o setor produtivo e parte do Congresso Nacional não permite, ou seja, quer continuar com o país desigual”, apontou o cientista político Adriano Oliveira, em entrevista à Rádio Jornal.

Clima

O clima entre o governo Lula e o Congresso, que já não era tão amistoso, piorou de vez após a derrubada de uma Medida Provisória que aumentava impostos, além do decreto que alterava as alíquotas do IOF, impondo derrota a Lula e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última semana.

Mesmo após acordos entre os três poderes nas semanas anteriores em torno do tema, os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcoumbre (União-AP) fecharam acordo e votaram as matérias nas duas Casas no mesmo dia. O governo alega que não foi avisado por Motta e Alcolumbre que o projeto seria pautado nas Casas.

De acordo com o presidente da Câmara, Hugo Motta, a medida foi um combate ao aumento da carga tributária no País.

No entanto, para Lula, a medida não se trata de aumento de imposto, mas sim um “ajuste tributário”.

“Nós não estamos propondo um aumento de imposto, não. Estamos fazendo um ajuste tributário neste país para que os mais ricos paguem um pouco para que a gente não precise cortar dinheiro da Educação, da Saúde”, disse Lula em entrevista nesta quarta-feira.

Lula considerou a decisão de Motta “absurda”, mas ressaltou que não tem rivalidade com o Congresso, afirmando “a Justiça resolve” quando Executivo e Legislativo.

“O presidente da República não rompe com o Congresso, o presidente da República reconhece o papel que o Congresso tem. Eles têm os seus direitos, eu tenho os meus direitos. Nem eu me meto no direito deles nem eles se metem no meu direito. E, quando os dois não se entenderem, a Justiça resolve”, afirmou.

Nesta semana, a Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou ação declaratória de constitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido de Lula. O caso terá relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

Em coletiva de imprensa, o ministro da AGU, Jorge Messias, afirmou que a conclusão da AGU é de que o decreto do governo federal é constitucional, válido e não poderia ter sido objeto de decreto legislativo de sustação.

“A avaliação técnica dos nossos advogados foi de que a medida adotada pelo Congresso acabou por violar o princípio da separação de poderes”, explicou.

“Todo esforço do governo é para que possamos retomar a normalidade institucional”, complementou. (Com informações do portal JC Online)

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