Domingo, 14 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 14 de setembro de 2025
Em artigo publicado neste domingo (14) no jornal norte-americano The New York Times, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou um recado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Lula afirmou que o Brasil está disposto a negociar com Washington, mas destacou que a “soberania e a democracia são inegociáveis”.
“Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. Mas a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta”, escreveu Lula, em tradução livre.
O presidente também citou o discurso de Trump na Assembleia-Geral da ONU em 2017, quando o norte-americano defendeu o respeito entre nações com culturas e valores distintos. “É assim que vejo a relação entre o Brasil e os Estados Unidos: duas grandes nações capazes de se respeitarem mutuamente e cooperarem para o bem de brasileiros e americanos”, afirmou.
O artigo foi publicado pouco mais de dois meses após Trump impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, em vigor desde 6 de agosto, com algumas exceções. Na ocasião, o republicano justificou a medida em carta enviada a Lula, alegando que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) representava “uma vergonha internacional”.
No texto, Lula saiu em defesa do STF. Ele lembrou que Bolsonaro e outros sete réus foram condenados por participação na trama golpista após as eleições de 2022. “Não se tratou de uma caça às bruxas. O julgamento foi resultado de procedimentos conduzidos em conformidade com a Constituição de 1988, promulgada após duas décadas de luta contra uma ditadura militar”, escreveu.
Segundo o presidente, as investigações revelaram planos para assassinar autoridades, incluindo ele próprio, o vice-presidente e um ministro do STF. Também foi identificado um rascunho de decreto que, segundo Lula, poderia ter anulado os resultados do pleito.
Lula ainda reconheceu que a reindustrialização e a recuperação de empregos nos Estados Unidos são objetivos legítimos, mas criticou a postura do governo norte-americano. Para o petista, medidas unilaterais como o aumento das tarifas são “remédios equivocados”.