Sexta-feira, 18 de julho de 2025

Lula saiu da defensiva, beneficiado pela crise das tarifas com os Estados Unidos, mas seria um erro interpretar este novo fôlego como um passaporte para a reeleição

O governo Lula saiu da defensiva, beneficiado pela crise das tarifas com os EUA e o discurso de defesa da população contra os mais ricos. Mas seria um erro interpretar este novo fôlego como um passaporte para a reeleição. O bom momento tende a se dissipar até outubro de 2026, e não garante por si só vantagem eleitoral duradoura.

Tudo depende de como o governo conseguirá aproveitar o momento favorável – que inclui um reequilíbrio na relação com o Congresso – para consolidar não apenas um discurso, mas uma agenda de resultados. A popularidade futura dependerá de entregas palpáveis que alinhem Lula às demandas do eleitor de hoje.

Nos últimos dias, o governo obteve vitórias que reduzem o risco de derrapagem fiscal. A solução para os precatórios fechou uma porta para expandir o espaço fiscal de maneira artificial em ano eleitoral. Adicionalmente, o apoio de Arthur Lira à proposta original de isenção do Imposto de Renda diminui o risco de perda de receitas em 2026.

Tudo isso, somado à possibilidade de decisão favorável do Supremo sobre o IOF, diminui o risco de o governo precisar alterar a meta fiscal. Com mais confiança e popularidade, reduz-se a chance de que o presidente entre em pânico antes da eleição, o que poderia gerar instabilidade econômica.

Se seguir nessa rota, o governo aumenta suas chances de se beneficiar, no período de campanha, de um ambiente macroeconômico com dólar e inflação mais baixos.

Evidentemente, os impactos do cenário internacional e das tarifas precisam ser observados. Do outro lado, na oposição, também há incerteza sobre os candidatos – com chance maior de que novos nomes apareçam em meio à confusão entre Tarcísio e os Bolsonaros. A mensagem, no entanto, é clara: o sucesso de Lula dependerá da capacidade do governo de usar os próximos meses para transformar o capital político de hoje em uma base econômica sólida para 2026. (Silvio Cascione – diretor da consultoria Eurasia Group)

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