Sábado, 05 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 4 de julho de 2025
Um evento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Petrobras virou palanque para ele comentar a “guerra” com o Congresso e acenar aos parlamentares, mas sem deixar de dizer que “o governo não acabou”, como alguns estariam pensando, e indiciar que será um candidato forte à reeleição.
“Não quero nervosismo. Porque eu só tenho um ano e meio de mandato, tem gente pensando que o governo acabou. Mas eles não sabem o que eu estou pensando”, disse. “Se preparem, porque se acontecer tudo que eu estou pensando, este país vai ter pela primeira vez um presidente eleito quatro vezes.”
Ao comentar que parece haver uma “guerra” com o Congresso, o petista botou panos quentes e disse que aprovou “99%” do que mandou ao Legislativo.
“Sou muito agradecido pela relação que tenho com o Congresso. Até agora, neste mandato, o Congresso aprovou 99% das coisas que mandamos. Sou grato ao Congresso Nacional”, afirmou. “Quando tem uma divergência, é bom, porque a gente vai, senta e negocia.”
Lula também aproveitou o evento para reforçar o discurso de “justiça tributária” que virou o novo mote do governo. No cenário de atritos com o Legislativo, reclamou da dificuldade de impor mudanças nos impostos do País.
“Este País muitas vezes foi governado para 35% da população. Governar para 100% é mais complicado, exige mais sacrifício, mais trabalho, compreensão, carinho”, disse. “O que é duro é que as pessoas não querem ceder, quem tem privilégio não quer abrir mão dos privilégios.”
A fala se deu depois que o presidente mencionou a tentativa de isentar do imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil. Segundo Lula, a intenção dele era ampliar a medida para quem recebe até cinco salários mínimos, mas precisou reduzir a faixa.
Nessa sexta (4), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão dos decretos do Executivo envolvendo mudanças no IOF e também o projeto aprovado pelo Congresso que havia revogado a medida da gestão Lula. Com a decisão, fica mantido o estágio atual, em que as alíquotas do imposto permanecem as anteriores à elevação do tributo.
O ministro ainda designou uma audiência de conciliação a ser realizada no próximo dia 15 entre as presidências da República, do Senado e da Câmara dos Deputados, a Procuradoria-Geral da República, a Advocacia-Geral da União e as demais partes do processo. Após a audiência, ele vai analisar a manutenção ou não da decisão.
No evento da Petrobras, o petista fez uma defesa enfática dos indicadores macroeconômicos do Brasil no seu governo, citando o desemprego baixo e o aumento da renda, por exemplo.
“Não tem um número ruim da economia deste país além da taxa de juros alta. Herdamos uma pessoa (Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central) que tinha uma febre muito alta (para aumentar juros), e para curar essa febre demora”, alegou.
Quem ecoou o discurso do presidente foi o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia.
“O senhor tem enfrentado no dia a dia grandes desafios para fazer algo tão óbvio, que é a justiça tarifária. E também a justiça tributária. O senhor nada mais quer do que ver aqueles que mais precisam, que ganham menos, pagando menos, e aqueles que têm grandes desonerações, na maior parte das vezes desnecessárias, pagando mais”, afirmou o ministro, que pediu ainda que o Congresso “ajude a construir o Brasil que queremos construir”.
Lula participou, no Rio, do anúncio de um pacote de investimentos em unidades de refino da Petrobras e da Braskem, no valor de R$ 33 bilhões até 2029. A estimativa é de geração de 38 mil empregos.
O evento foi realizado na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na Região Metropolitana, uma das maiores do País. Compareceram ao lado do presente os ministros Silveira, Esther Dweck (Gestão e Inovação) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos). (Com informações do jornal O Globo)