Domingo, 15 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 15 de junho de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem até esta quarta-feira (18) para decidir se sanciona ou veta o projeto de lei que criou o dia de celebração da amizade entre Brasil e Israel. A análise do texto pela Presidência da República ocorre em meio às tensões entre o governo Lula e a gestão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por causa dos rumos tomados na guerra entre Israel e Hamas.
Lula é considerado ‘persona non-grata’ em Israel em razão de uma fala feita em fevereiro de 2024, durante viagem à Etiópia, na qual classificou as ações de Israel no território palestino como genocídio comparável ao Holocausto produzido pela Alemanha nazista.
“O que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse na ocasião.
A declaração de um chefe de Estado como persona non-grata é uma medida excepcional nas relações diplomáticas e indica um alto grau de reprovação do País autor da medida. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, classificou as falas de Lula como um ataque antissemita por, segundo ele, comparar as “ações de Hitler que mataram 6 milhões de judeus” com a “guerra justa na Faixa de Gaza”.
Desde o início do conflito em outubro de 2023, Israel matou 55 mil palestinos, em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, sob controle do Hamas. Do lado israelense, as estimativas são de 1.139 pessoas mortas até fevereiro deste ano. O número se refere majoritariamente aos civis mortos no atentado de 7 de outubro, quando Israel foi alvo de ataques do Hamas por céu, terra e mar.
Com declarações duras como a feita na Etiópia, o presidente brasileiro tem se portado como um crítico contumaz do governo Netanyahu, que, em sua avaliação, tem patrocinado um conflito desproporcional com “um exército matando mulheres e crianças”. É neste contexto de declarações críticas e gestos simbólicos de desaprovação das posturas de lado a lado que Lula terá que decidir se o dia 12 de abril passará a ser a data de celebração da amizade Brasil-Israel.
O projeto que está sob a mesa de Lula foi enviado ao Congresso pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2013. Naquele mesmo ano, a petista vetou um texto que propunha a celebração das relações entre os dois países no dia 29 de novembro, mesma data em que se comemora o “Dia Internacional de Solidariedade com o Povo da Palestina”, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O dia 12 de abril foi escolhido por Dilma como data alternativa em referência ao decreto que criou a representação brasileira em território israelense, em 1951. O Estado de Israel foi fundado em 1948, após aprovação de uma resolução pela Organização das Nações Unidas (ONU). A primeira versão do projeto enviado pela ex-presidente foi aprovada em 2019 pela Câmara e o texto final foi aprovado pelo Senado no último dia 20 de junho. Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.