Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 24 de outubro de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tratou como certa a reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Malásia durante coletiva de imprensa em Jacarta, na Indonésia, nessa sexta-feira (24). Ele disse que não há “assunto proibido” que não possa ser tratado no encontro.
A expectativa é de que Lula se encontre com Trump em Kuala Lumpur, na Malásia, neste domingo (26). Se confirmado, será a primeira reunião oficial entre os dois desde o início da crise provocada pelo tarifaço de 50% aplicado pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
A reunião ainda não foi confirmada oficialmente pelo governo do Brasil nem dos EUA.
Lula também listou os pontos que pretende abordar, como o comércio entre os países e as sanções dos EUA aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Tenho todo interesse nessa reunião, mostrar que houve equívoco nas taxações, mostrar com números”, disse o presidente.
O presidente ainda falou sobre:
* os ataques dos EUA a barcos na costa da Venezuela;
* e as expectativas para a COP 30 e a perfuração da Petrobras na Foz do Amazonas.
O Itamaraty separou parte do domingo para que o presidente Lula realize reuniões bilaterais.
Os dois presidentes vêm se aproximando desde setembro. Primeiro, tiveram uma “boa química” nos segundos em que se cruzaram na Assembleia Geral da ONU. Depois, conversaram por cerca de 30 minutos em uma ligação intermediada pelas diplomacias dos dois países. Outro sinal de aproximação foi o encontro do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.
Lula chegou à Malásia nessa sexta para participar de encontro com líderes asiáticos da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). É a segunda etapa da viagem de uma semana pela Ásia. Ele passou primeiro pela Indonésia, onde foi recebido pelo presidente Prabowo Subianto.
A Cúpula da ASEAN é o evento em que as principais lideranças do bloco formado por 10 países do sudeste asiático se reúnem para discutir cooperação regional e crescimento econômico. Participam desse bloco países como Filipinas, Indonésia, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietnã.
O presidente afirmou que a reunião é esperada há um tempo e que “sempre disse que, quando Trump quisesse conversar, o Brasil estava à disposição”.
Lula disse acreditar que a “relação humana é química” e que fazer de forma digital não tem o mesmo resultado que uma conversa presencial: “Olho no olho, pegar na mão, abraçar a pessoa”.
Ele afirmou ainda que depois da ligação telefônica com Trump os dois estão caminhando para mostrar que “não há divergência que não possa ser resolvida quando duas pessoas sentam na mesa para conversar”.
Para o brasileiro, será uma reunião livre, e que eles poderão dizer o que quiserem, e também ouvir o que não quiserem. “Convencido de que vai ser bom para o Brasil e para os Estados Unidos, vamos voltar à nossa normalidade”, afirmou Lula.
Isso porque, na quinta-feira (23), Lula voltou a falar sobre a ideia de adotar uma moeda alternativa ao dólar para transações comerciais entre países membros do Brics. O tema é um dos pontos que está sobre a mesa na negociação com os EUA.
Segundo o blog de Valdo Cruz, no portal g1, Trump quer que Lula abandone a ideia de substituir o dólar em transações do bloco, e assessores do presidente brasileiro o aconselharam a deixar esse debate de lado.
“Nós queremos multilateralismo e não unilateralismo. (…) Tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós dois ser com as nossas moedas. Essa é uma coisa que nós precisamos mudar”, afirmou.
Lula defende a adoção de uma moeda diferente do dólar para comércio entre países do grupo há anos, como forma de diminuir a dependência da moeda americana. O Brics é um grupo de países emergentes que inclui Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, entre outros.