Sábado, 20 de dezembro de 2025

Lula usa troca do ministro do Turismo para melhorar relação com a Câmara dos Deputados

A troca no comando do Ministério do Turismo faz parte de uma estratégia do Palácio do Planalto para melhorar a relação com a Câmara dos Deputados e representa um gesto para o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Além disso, é considerada por integrantes do governo Lula como uma oportunidade de aproximar uma ala do União Brasil do petista, mirando as eleições de 2026.

Em outubro, Motta foi procurado por integrantes do governo para ser incluído no processo de recomposição da base aliada do Executivo no Congresso Nacional, após a Câmara impor derrota ao petista com a não apreciação de uma MP (medida provisória) que aumentava impostos.

De lá para cá, no entanto, o entorno de Motta se queixava que o Planalto não estava dando andamento às costuras e afirmava que o presidente da Câmara não tinha um espaço no primeiro escalão de Lula, diferentemente de seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL), e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

Além disso, aliados do presidente da Câmara dizem que ele vinha sendo cobrado por parlamentares do União Brasil para ajudar a emplacar um nome que representasse a bancada no lugar de Celso Sabino (União Brasil-PA), que foi expulso da sigla por ter permanecido no governo, e tinha sua atuação criticada por deputados.

Na quarta (17), Lula anunciou ao final de reunião ministerial que Sabino deixaria o governo. No dia anterior, o petista conversou com Motta ao telefone e avisou da troca. De acordo com relatos, o presidente da Câmara vinha cobrando celeridade do governo para oficializar essa mudança, e isso foi falado no telefonema.

No lugar do ministro, deve ser nomeado Gustavo Feliciano, filho do deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB), e aliado de Motta no Estado. De acordo com pessoas próximas ao futuro ministro, ele não tem pretensões de concorrer a cargos eletivos e poderá ficar até o fim de 2026 no cargo.

A interlocutores, o presidente da Câmara tem afirmado que se sente contemplado com a chegada de Gustavo à Esplanada de Lula e elogiado o nome, falando da atuação dele no governo da Paraíba. Motta é aliado do governador, João Azevêdo, e espera contar com o apoio dele e de Lula para eleger o pai, Nabor Wanderley (Republicanos-PB), para uma vaga ao Senado em 2026.

Nesse sentido, dizem aliados, é interessante para Motta ter um nome de seu grupo comandando um ministério que tem capilaridade para fazer entregas políticas. Há uma expectativa de que um encontro entre o futuro ministro e o presidente da República ocorra ainda nesta semana – com a possibilidade de Motta acompanhar esse reunião.

Esse movimento ocorre também num momento de críticas entre governistas sobre a condução de Motta à frente da Câmara. Aliados de Lula e do parlamentar falam em sentimento de desconfiança mútua, mas defendem uma aproximação para distensionar a relação.

De acordo com relatos de pessoas que acompanharam de perto as negociações sobre essa troca na Esplanada, as conversas vinham acontecendo desde o fim de outubro, antes da realização da COP 30 (conferência de mudanças climáticas) da ONU, e se intensificaram nos últimos dias.

Encontro

A ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, se reuniu com o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, para ter o aval do dirigente para a nomeação de Gustavo Feliciano.

Motta também esteve no encontro, que teve participação ainda do presidente do PT, Edinho Silva, e de parlamentares do União, como o líder da sigla na Câmara, Pedro Lucas Fernandes (MA). Na pauta, foram discutidos temas como governabilidade e pautas de interesse do governo, como a votação do Orçamento de 2026 e a PEC (proposta de emenda à Constituição) da Segurança Pública.

Integrantes do governo falam em um entendimento com a sigla que garante cerca de 25 votos da bancada (que tem 59 deputados). Petistas arriscam dizer que esse número pode chegar a até 30 votos, a depender das matérias, e afirmam que com o aval de Motta na indicação do futuro ministro essa conta poderá ser ainda mais favorável ao Planalto.

A participação de Rueda no encontro não significa um apoio do dirigente a Lula – ele vinha atuando para construir uma candidatura da centro-direita para fazer frente ao petista em 2026. Apesar disso, até mesmo aliados dele dizem que essa é uma sinalização de que há espaço para uma aproximação do político com Lula. (Com informações do jornal O Globo)

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