Quinta-feira, 03 de julho de 2025

Lulistas inundam redes sociais com mote “ricos versus pobres”, e Congresso é um dos alvos

Em sintonia com os discursos de Lula e do ministro Fernando Haddad (Fazenda), governistas têm inundado suas redes sociais com a retórica da luta entre pobres e ricos, cenário em que o presidente da República estaria entrando em choque contra poderosos interesses do status quo empresarial e financeiro.

No discurso capitaneado pelo PT, estimulado pelo Palácio do Planalto e disseminado por perfis alinhados, a campanha é formada em boa parte por vídeos produzidos por inteligência artificial e tem como mote a defesa da “taxação BBB”, em referência a “bilionários, bets e bancos” —grupo que formaria um poderoso lobby em parceria com o centrão e a direita no Legislativo.

O Congresso é um dos principais alvos, em especial no varejo da rede social, onde o Legislativo aparece claramente identificado como “inimigo do povo”. O direcionamento político das redes segue o discurso e a ação de Lula, que na terça-feira (1º) disse enfrentar uma “rebelião” toda vez que tenta cobrar mais impostos de ricos.

A declaração foi dada pouco depois de a Advocacia-Geral da União (AGU) ingressar no STF para tentar resgatar o decreto presidencial que elevou alíquotas do IOF —Imposto sobre Operações Financeiras derrubado pelo Congresso com 383 votos na Câmara, incluindo a maior parte das bancadas dos centro-esquerdistas PDT e PSB.

“Não é briga política, partidária. É a elite, junto com a direita e o centrão se unindo contra o povo brasileiro”, disse em um dos vídeos postados por governistas o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), cotado a ocupar a Secretaria-Geral da Presidência do governo Lula.

Boulos e o PSOL são os que, da linha de frente lulista, mais apontam o dedo contra o Congresso. Em uma das postagens do deputado, é convocado um protesto para o dia 10 no Masp, em São Paulo, sob o mote “centrão inimigo do povo”.

O PT produziu e jogou em suas redes sociais recentemente vídeos que exploram essa retórica e que foram reproduzidos nos perfis de vários políticos governistas.

Nessas peças, feitas com IA, afirma-se que Lula busca equilibrar a balança de pagamento de impostos apesar das resistências das elites econômicas.

Um dos vídeos que viralizaram é o do “boteco do Brasa”, em que personagens engravatados aparecem em uma mesa ao lado de pessoas comuns querendo pagar menos na conta apesar de terem consumido champagne, caviar e lagosta. A peça já tem mais de 2 milhões de visualizações no Instagram.

O governo percebeu em junho o potencial da discussão sobre mais impostos para ricos. Naquele mês, Haddad teve um enfrentamento público com deputados bolsonaristas em torno do tema e ganhou engajamento nas redes sociais.

Nas semanas seguintes, Lula instruiu aliados a fazer mais contrapontos públicos ao centrão e à oposição a partir do tema dos impostos. A propagação de posts governistas sobre taxar ricos nos últimos dias deu resultados nas plataformas abertas, como X (o antigo Twitter), Instagram e Facebook. Levantamento da Bites, consultoria especializada em dados de ambientes digitais, mostra que ao menos os governistas da Câmara têm conseguido disputar as redes abertas com opositores de Lula.

Houve 1.120 postagens envolvendo políticos da Câmara sobre o tema desde 25 de junho, quando o Congresso derrubou o decreto do IOF. Esses posts geraram 2,3 milhões de interações –ações como compartilhamentos e curtidas.

O volume pode não ter se repetido nos grupos de mensagens. Luis Fakhouri, colunista da Folha e diretor de estratégias da Palver, empresa que também monitora redes sociais, disse que os indícios são de que o debate promovido pelo governo não está, por ora, chegando em conversas cotidianas.

A Palver analisa grupos de WhatsApp e Telegram. “Não teve uma importância muito grande a entrada do governo [na discussão] e continuou a narrativa que predominava”, disse Fakhouri, referindo-se a críticas de que a gestão Lula cobra impostos demais. Com informações do jornal Folha de S.Paulo.

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