Sábado, 09 de agosto de 2025

Mais de 36 mil indígenas vivem no Rio Grande do Sul, 12ª maior população estadual do segmento no País

O Rio Grande do Sul ocupa o 12º lugar no ranking nacional dos Estados com maior contigente de cidadãos autodeclarados indígenas. São mais de 36 mil habitantes, dos quais aproximadamente 26 mil (72%) vivem em 163 aldeias de 75 municípios. Ao menos 85% dessa fatia populacional é da etnia Kaingang. A estatística consta em documento atualizado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES).

A pasta acaba disponibilizar a segunda edição do “Boletim Informativo de Saúde Indígena no Rio Grande do Sul”, publicação que marca o Dia Internacional dos Povos Indígenas (9 de agosto), neste sábado. O conteúdo inclui dados como perfil demográfico, indicadores de saúde, vulnerabilidades e acesso a direitos sociais por comunidades do segmento no mapa gaúcho.

Dentre os destaques do documento estão relatórios sobre o financiamento à saúde por meio do Programa Estadual de Incentivos para a Atenção Primária à Saúde (Piaps), que destina recursos a municípios com aldeias. A transferência mensal às respectivas varia de R$ 2 mil a R$ 15 mil, conforme o número de residentes nesses núcleos.

O boletim traz ainda os dados atualizados sobre mortalidade infantil e materna, violência, saúde mental, nutrição e HIV/Aids. “O boletim reforça o compromisso com a visibilidade, valorização e cuidado diferenciado do Sistema Único de Saúde (SUS) com essa população”, afirma o servidor da área de saúde indígena da Divisão de Políticas de Promoção da Equidade em Saúde (Popes) da SES, Guilherme Müller.

Ele considera que a publicação do boletim reafirma a responsabilidade do poder público com a equidade e o respeito à diversidade cultural dos povos originários: “É preciso olhar para os dados e transformá-los em políticas públicas efetivas, inclusive com o protagonismo do Estado e dos municípios, muitas vezes distantes dessa temática”.

Ainda de acordo com Müler, não se trata apenas de documento técnico: “O boletim é também um instrumento político e simbólico de reconhecimento da sabedoria, resistência e protagonismo”.

Bruna de Cesaro, que também atua no departamento, explica que a segunda edição do boletim aponta caminhos como o fortalecimento da atenção primária, a ampliação das estratégias de equidade e o respeito aos saberes e práticas tradicionais, que devem permanecer como princípios centrais:

“Que este material sirva de base para decisões mais justas, culturalmente sensíveis e comprometidas com a dignidade dos povos originários, fortalecendo a escuta, o diálogo e a atuação conjunta de Estado, municípios e comunidades indígenas”.

Ambulatórios

Além dos incentivos destinados ao atendimento em saúde na atenção primária, a população indígena conta, desde 2024, com um incentivo estadual para o Ambulatório de Saúde Indígena, que contrata equipes para atuar especificamente com esse grupo de usuários do sistema de saúde. Três serviços já foram habilitados, no Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo, no Hospital Santo Antônio, em Tenente Portela, e no Hospital da Comunidade Ahcros, em Constantina.

Tais unidades se caracterizam pelo acolhimento que respeita respeito a cultura e a espiritualidade indígena, pela articulação dos saberes da medicina tradicional e biomédica, garantindo acesso a serviços de média e alta complexidade com equidade. Eles funcionam como um espaço de cuidado integral e intercultural em unidades hospitalares do RS.

A edição completa do Boletim Informativo de Saúde Indígena no Rio Grande do Sul está disponível no site da SES e será compartilhada com gestores municipais, lideranças indígenas, universidades e demais parceiros da Política de Saúde da População Indígena.

(Marcello Campos)

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