Segunda-feira, 29 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 30 de setembro de 2021
Cerca de nove meses após a chegada das vacinas contra a covid-19, dezenas de países ainda não vacinaram 10% de suas populações, um marco considerado crucial para diminuir a desigualdade no acesso à imunização ao redor do mundo.
No início deste ano, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, pediu um impulso urgente para atingir o objetivo até o final de setembro. Mas mais de 55 países, dos quais 39 na África, continuam abaixo da meta, o que evidencia os problemas que o programa de distribuição do consórcio global Covax Facility enfrentou em sua tentativa de lançar vacinas em todos os cantos do planeta.
Embora o Covax tenha batalhado para conseguir as doses necessárias para atingir a meta, muitos países ricos saíram na frente. Menos de 4% das pessoas em países de baixa renda foram vacinadas com pelo menos uma dose, em comparação com cerca de 61% em países de alta renda, mostram dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
Além disso, o consórcio cortou sua previsão de fornecimento de vacinas para 2021, prejudicado por atrasos na produção, proibições de exportação e pelas manobras de países ricos para proteger primeiro sua população. Os parceiros do programa convocaram os países que já têm imunizantes suficientes para acelerar as doações e exortaram as empresas a serem mais transparentes nos processos de abastecimento.
“Os fabricantes estão optando por não enviar para a Covax, e os países de alta renda por não levar doses suficientes para esses lugares com a rapidez necessária”, disse Bruce Aylward, conselheiro sênior da OMS.
Eles temem que o ritmo lento de entregas em todo o mundo prolongue a pandemia e aumente o risco de surgirem variantes mais preocupantes. E, mesmo quando os suprimentos para as regiões de baixa renda começam a chegar, levar as vacinas às pessoas é outro desafio.
Em maio, Tedros convocou uma “corrida até setembro” para vacinar mais 250 milhões de pessoas em países de baixa e média renda em apenas quatro meses. A meta é atingir pelo menos 40% até o final do ano e 70% da população mundial até meados do ano que vem.
África
Muitos dos países abaixo de 10% nem chegam perto desse valor, de acordo com o Bloomberg Vaccine Tracker — grande parte da África subsaariana está abaixo de 1%. Enquanto isso, 56% da população dos EUA está totalmente vacinada, 67% no Reino Unido e 71% no Canadá. Portugal, com 84%, tem a maior percentagem de vacinados com duas doses entre os países com população superior a 1 milhão.
O continente mais prejudicado é a África, onde cerca de 70% dos países não cumpriram a meta de vacinar uma em cada 10 pessoas contra a covid-19 até o final de setembro.
Nesta quinta-feira (30), Richard Mihigo, gerente do programa de imunização e desenvolvimento de vacinas do escritório da OMS na África, disse que a entrega de vacinas ao continente precisa dobrar para que os países cumpram a próxima meta de inocular 40% de suas populações até o final do ano.
Metade dos 52 países africanos que têm programas de vacinação inoculou menos de 2% de sua população, segundo Mihigo.
“Os países com suprimentos e capacidade de obter vacinas por meio de acordos bilaterais feitos antes da Covax são os que têm maior probabilidade de atingir a meta”, disse. “É necessário que a Covax passem à frente da fila. Precisamos manter o foco em relação a isso, porque sabemos que muitos países estão agora passando para uma terceira dose.”
A Covax ficou aquém de suas metas até agora, entregando apenas 311 milhões de doses para mais de 140 países até 27 de setembro. No início deste ano, a Índia suspendeu as exportações para enfrentar um surto devastador, mas agora o país deve reiniciar os envios para Covax, a partir do trimestre iniciado em outubro.