Sábado, 18 de janeiro de 2025

Mais de 60% das áreas da Amazônia em regeneração voltaram a ser desmatadas no Brasil

Mais de 60% das áreas desmatadas na Amazônia que conseguiram se recuperar em um período de 15 anos foram novamente devastadas, aponta um levantamento inédito do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial). Os dados analisam o período entre 2008 e 2022.

A análise do Inpe constata ainda que, ao longo desses anos, a proporção entre o que foi destruído e o que vem se regenerando tem ficado cada vez menor no País. Em 2018, por exemplo, essa taxa era de 24%. Nos anos seguintes, o número vem caindo: em 2021 a taxa era de 23,5% e em 2022 foi de 22%.

O estudo será lançado oficialmente em abril e servirá para nortear o governo federal no desenvolvimento de políticas públicas de preservação da Amazônia. O monitoramento dos demais biomas brasileiros começou a ser feito apenas em 2022.

Bandeira do governo Lula, a meta é criar condições para chegar a 12 milhões de hectares recuperados no país até 2030, conforme compromisso assumido pelo Brasil no Acordo de Paris – que trata das alterações climáticas e prevê metas para a redução da emissão de gases do efeito estufa.

O Ministério do Meio Ambiente informou que, a partir do levantamento do Inpe, “serão definidas políticas de proteção ou incentivo para áreas de vegetação secundária identificadas como prioritárias em todos os biomas brasileiros”.

Acrescentou ainda que os dados também “estão sendo cruzados com a malha fundiária, o que permitirá calcular áreas que estão em Unidades de Conservação e, portanto, já com medidas de proteção”.

Desmatamento na Amazônia

Alvo constante de invasões e desmatamento, a devastação na Amazônia na última década e meia alcançou mais de 800 mil quilômetros quadrados de floresta. Isso representa uma área maior do que a de estados como Mato Grosso do Sul, São Paulo ou Minas Gerais.

O levantamento do Inpe mostra que, nos últimos 15 anos, cerca de 140 mil quilômetros quadrados voltaram a crescer em áreas que foram desmatadas, formando o que especialistas chamam de vegetação secundária.

A vegetação secundária leva, no mínimo, seis anos para chegar ao estágio inicial de regeneração e cumprir seu papel no bioma. Nesse tempo, as árvores podem chegar a 15 metros de altura. Para se ter uma ideia, a média de tamanho das árvores na Amazônia é de 40 a 50 metros.

O que os dados indicam sobre a floresta?

Os dados foram produzidos pelo Inpe, que é ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e que faz o monitoramento dos biomas brasileiros por satélite. Eles devem ser divulgados com detalhes em abril.

Como a pesquisa foi feita: O estudo analisou imagens de satélites que monitoram a Amazônia em uma janela de dois em dois anos, para dar tempo para a vegetação se estabelecer, entre 2008 e 2022.

O ano de 2016 não consta do levantamento. À época, a pesquisa foi suspensa por falta de orçamento. Acompanhando ponto a ponto, os pesquisadores identificaram que, dos 140 mil quilômetros quadrados de vegetação secundária que chegaram a nascer, somente 53 mil se mantiveram de pé até 2022. Ou seja, apenas 37%.

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