Sábado, 18 de maio de 2024

Manifestações de massa e pesquisas

O que tem mais valor, o que diz mais das intenções do eleitorado, as manifestações de massa, como aquelas de 7 de Setembro, ou as pesquisas eleitorais? É fácil de ver que os bolsonaristas privilegiam as manifestações – e foram de fato grandiosas – enquanto Lula e os petistas preferem festejar as pesquisas que lhes favorecem.

É daquelas situações em que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. As manifestações correspondem aos grandes comícios de um passado não muito distante. Hoje, elas atraem muito mais gente: os eventos são preparados com grande antecedência, contam com a força vigorosa das redes sociais, há toda espécie de logística para facilitar o acesso do público aos lugares de concentração. No caso do dia da Independência houve o reforço inestimável dos cultos e igrejas evangélicas, com sua capacidade de mobilizar milhares de fiéis.

Mas tem um senão: todos os que comparecem são do mesmo time, da mesma torcida, do mesmo candidato. Para lá só se dirigem correligionários e simpatizantes. Se fizessem uma pesquisa nos atos recentes, Bolsonaro teria 100% por cento dos votos. Ocorre que por maior que seja a multidão sempre será um número ínfimo no universo do eleitorado. Vamos supor que total dos participantes no 7 de Setembro tenha somado 1 milhão. Como o eleitorado é de 150 milhões de eleitores, não chega a 1%.

Já as pesquisas – estou falando de pesquisas de institutos acreditados e sérios – alcançam, ainda que por amostragem, o universo total do eleitorado. IPEC, Datafolha e os demais fazem recortes por sexo, idade, cor da pele, religião, classe social, grau de instrução, região eleitoral e outros critérios proporcionais e representativos da totalidade. É evidente que se trata de uma forma muito mais confiável de auferir as intenções de voto do povo do que manifestações de massa.

Não que essas pesquisas sejam a expressão rigorosa da vontade popular nas urnas. Há variáveis que podem falsear os dados – não se trata de uma eleição, mas de um mecanismo de aferição em dado momento. É por essa razão que existem as chamadas margens de erro – às vezes até elas estão erradas.

O defeito básico das pesquisas é que não existe forma de conferir se elas são verdadeiras ou manipuladas. De toda a maneira, há institutos de pesquisas que são tidos como confiáveis, pelo tempo em que estão na praça, pelo acerto nas projeções anteriores. O produto que esses institutos vendem é a confiança. Se errarem sempre, ou muito, perdem credibilidade e têm vida curta.

Não se diga, porém, que manifestações como as do 7 de Setembro não têm valor. Têm enorme valor, porque mexem com o emocional de candidatos, militância, simpatizantes e seguidores, enchendo-os de brio, emoção e ânimo – (re)acendendo a chama do esforço para conquistar outros e novos eleitores para a causa.

Mas não tenha nenhuma dúvida, caro leitor: é muito mais consistente, está muito mais próximo da conquista e da vitória, quem estiver melhor nas pesquisas, do que quem faz as maiores manifestações.

 

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