Domingo, 06 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 28 de agosto de 2022
Milhares de pessoas se manifestaram em praças e avenidas públicas da Argentina em apoio à vice-presidente Cristina Kirchner, que enfrenta um julgamento por corrupção, com um pedido da promotoria de 12 anos de prisão e impedimento político perpétuo. Os atos ocorreram no sábado (27).
A convocação para o protesto foi feita em redes sociais. Cristina Kirchner foi acusada com outras 12 pessoas pelos crimes de associação ilícita e administração fraudulenta agravada em um caso de corrupção na licitação de obras públicas quando ela era presidente (2007-2015).
A ideia da militância era caminhar até o prédio onde a líder peronista mora, no bairro da Recoleta. Mas a prefeitura de Buenos Aires, controlada pelo opositor de direita Horacio Larreta, ordenou que policiais cercassem o local ainda de manhã e impedissem o avanço dos protestos.
Houve tumulto quando os manifestantes encontraram os agentes de segurança e a polícia reprimiu os atos com jatos de água e gás lacrimogêneo.
Duas pessoas foram presas e sete policiais ficaram feridos, segundo a agência Reuters. Ainda assim, os apoiadores da vice-presidente conseguiram furar o cerco e chegaram à porta da residência de Cristina.
“Houve muito sangue na Argentina”, disse a vice-presidente aos milhares de simpatizantes, criticando a barreira implantada pelas autoridades locais. “Em uma democracia, o direito à liberdade de expressão é fundamental. Quero agradecer e pedir para que vocês descansem um pouco. Foi um longo dia”, afirmou.
Antes, a ex-presidente já havia atribuído os confrontos ao que chamou de ódio contra o peronismo. “É incrível o grau de cinismo e perversão de não assumir o que eles querem: exterminar o peronismo”, disse. Cristina acusa os promotores de liderarem uma perseguição e um ataque ao seu campo político.
“As cercas instaladas pelo senhor Larreta representam mais do que impedir a livre circulação. São mais do que sitiar a vice-presidente da nação”, publicou Cristina em suas redes sociais. “Querem proibir as manifestações de amor e apoio absolutamente pacíficas e alegres que acontecem diante da já inocultável perseguição do partido judicial”, afirmou.
Apoios
O presidente Alberto Fernández expressou no Twitter que “a operação, longe de contribuir para a tranquilidade, gerou um clima de insegurança e intimidação”, e considerou “imperioso que o assédio à vice-presidente cesse e garantir o direito à livre expressão e manifestação dos cidadãos”.
Funcionários, deputados e líderes políticos, sindicais e sociais somaram-se à convocação na Recoleta. Em outras partes do país, incluindo Tucumán (noroeste), Córdoba (centro) e Rosário (centro-leste), milhares de pessoas também se reuniram e se manifestaram pacificamente.
As vigílias em frente ao prédio em que Cristina reside têm sido diárias desde que a promotoria pediu ao tribunal 12 anos de prisão para a ex-presidente e sua inabilitação política perpétua.