Terça-feira, 05 de agosto de 2025

Manifestações esvaziadas da esquerda e de bolsonaristas reforçam que anistia a golpistas não é “pauta das ruas”

Repetir o termo “anistia” à exaustão e manter o assunto na boca dos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido um método, até agora bem-sucedido, do reduto extremista que apoia o presidente Jair Bolsonaro.

Nesse tema da tentativa de golpe de Estado, a derrota de Bolsonaro na Justiça é dada como certa. Portanto, só resta a arena da barulho e da política.

É uma especialidade da extrema-direita: repetir um assunto diariamente até que ele saia do campo das ideias e vire uma proposta concreta. É o modo campanha diária, que eles usam para temas que ainda não são prioritários. É uma forma de “controlar” o debate público.

Mas, tirando as camadas de estridência e repetição, fica claro que essa pauta só mobiliza um nicho bolsonarista. Não mobiliza nem a direita como um todo, e nem o Centrão.

Isso, claro, a preço de hoje, ou seja, no contexto atual. Tudo isso é quantificável: a manifestação bolsonarista pela anistia reuniu cerca de 18 mil pessoas; o ato da esquerda contra a anistia, cerca de 6 mil.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sabe que a anistia ainda não vale o preço que custa: pouca adesão de políticos e muito desgaste com o o Supremo se o tema for pautado com celeridade.

Até o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que chegou a pautar temas da ala mais radical, percebeu esse custo e devolveu a proposta à estaca zero.

Manter o assunto vivo, ainda que criticando e convocando protestos, acaba ajudando a alimentar o “monstro”.

Políticos e juristas dizem que, se a intenção é matar algum debate, a melhor estratégia é “matar de fome”, ou seja, deixar o assunto de lado.

Neste caso, é impossível ignorar o assunto anistia. É preciso mostrar que há um movimento inconstitucional para salvar golpistas que atacaram as instituições nos últimos anos.

Apesar disso, os atos organizados pela esquerda no fim de semana acabaram por reforçar a presença da pauta no debate público – tudo o que os bolsonaristas radicais mais querem. Há outros movimentos, mais efetivos, que podem ser usados para marcar posição e tentar impedir o avanço do tema.

 

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