Sábado, 02 de agosto de 2025

“Mão Morta”: entenda o que é arma nuclear “apocalíptica” da Rússia que fez os Estados Unidos movimentar submarinos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na sexta-feira (1º) que ordenou a movimentação de submarinos nucleares em resposta a ameaças feitas pela Rússia envolvendo o uso do sistema conhecido como “Mão Morta”, um mecanismo de retaliação nuclear desenvolvido durante a Guerra Fria.

A escalada de tensões teve início na segunda-feira (28), quando Trump demonstrou frustração com Moscou e impôs um prazo de dez dias para que o governo russo estabeleça um cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia. Caso contrário, advertiu que imporia novas sanções econômicas. No mesmo dia, o ex-presidente russo Dmitry Medvedev respondeu pelas redes sociais, acusando Trump de adotar uma política de ultimatos e classificando a atitude como “um passo em direção à guerra”.

Dois dias depois, na quarta-feira (30), Trump aumentou o tom. Chamou Medvedev de “fracassado” e recomendou que o russo “tivesse mais cuidado com as palavras”. Horas mais tarde, Medvedev voltou a se pronunciar, desta vez em seu canal no Telegram, dizendo que o presidente norte-americano estava “nervoso” e sugerindo que ele se lembrasse da ameaça representada pela “lendária Mão Morta”.

O sistema citado por Medvedev é um complexo mecanismo de retaliação nuclear automática. Desenvolvido pela União Soviética nos anos 1970, em meio à Guerra Fria, o Perimetr — como é formalmente chamado — foi ativado em 1986 e projetado para lançar uma resposta nuclear mesmo na ausência de comando humano, caso os principais líderes do país sejam mortos em um ataque inimigo.

De acordo com o Centro para Análises Navais (CNA), o sistema funciona por meio de sensores instalados em centros de comando militares. Em caso de ataque detectado, mísseis equipados com códigos de ativação seriam lançados e, ainda em voo, transmitiriam os sinais para outros lançadores balísticos espalhados pelo território russo.

O funcionamento da ferramenta envolve várias tentativas de contato com autoridades. Se o presidente russo estiver vivo, o sistema aguarda sua autorização. Na ausência de resposta, tenta o contato com outros centros de comando. Somente quando todas as tentativas falham é que o Perimetr executa automaticamente o lançamento dos mísseis.

A existência da “Mão Morta” foi revelada ao público em 1993, em uma reportagem do The New York Times. O jornal descreveu o Perimetr como uma “máquina do juízo final” e alertou para os riscos de uma decisão automática baseada em sensores e algoritmos. “Se o sistema realmente existir — e alguns analistas dos EUA dizem que é improvável, mas possível — isso marcaria a primeira vez na era nuclear em que uma máquina foi programada para apertar o botão [de disparo]”, escreveu o veículo à época.

O nome “Mão Morta” surgiu justamente por essa capacidade de ação autônoma em caso de aniquilação da cúpula militar russa. Documentos de inteligência dos Estados Unidos indicam que o sistema permaneceu ativo até pelo menos 2017 e pode ter sido modernizado desde então.

A declaração de Trump e a resposta de Medvedev ocorrem em um momento de crescente tensão internacional e reacendem os alertas sobre o risco de um novo confronto nuclear entre potências armadas.

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