Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 30 de abril de 2025
O número de pessoas desempregadas no Brasil aumentou, mas o mercado de trabalho segue aquecido, com a renda média dos trabalhadores brasileiros batendo novo recorde e redução da informalidade.
É o que mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo em alta, a taxa de desocupação no Brasil, que subiu para 7% no trimestre encerrado em março, foi a menor para o período desde o início da série histórica do levantamento, iniciado em 2012.
O resultado de 7% veio em linha com o esperado pelos analistas, após registrar 6,8% nos três meses até fevereiro. No trimestre encerrado em dezembro, o desemprego estava em 6,2%. O número de pessoas em busca de trabalho, os chamados desempregados, foi de 7,7 milhões no primeiro trimestre do ano. Esse número cresceu 13,1% frente ao trimestre encerrado em dezembro, somando mais 891 mil pessoas. Ao mesmo tempo, a população ocupada do país era de 101,5 milhões, com menos 1,3 milhão de pessoas (-1,3%) na comparação trimestral.
A renda média dos trabalhadores chegou a R$ 3.410, alcançando o maior nível da série histórica iniciada em 2012, e batendo recorde pela segunda vez consecutiva. O aumento foi de 1,2% frente ao último trimestre de 2024.
Nos últimos meses, especialistas vem projetando uma desaceleração no mercado de trabalho para 2025, diante da política do Banco Central de constantes aumentos da taxa de juros na tentativa de controlar a inflação. Após fechar o ano passado com patamar recorde de desocupação, o desemprego subiu nos trimestres encerrados em janeiro e fevereiro, e agora em março.
No entanto, embora a conjuntura econômica esteja de fato menos favorável, os resultados do mercado de trabalho como um todo seguem mostrando resiliência.
O número de trabalhadores com carteira assinada ficou estável em relação ao trimestre móvel anterior, encerrado em dezembro, permanecendo em 39,4 milhões. Já o total de empregados sem carteira no setor privado caiu: foram menos 751 mil pessoas em relação aos três últimos meses de 2024. A quantidade de trabalhadores informais também seguiu o movimento de queda.
Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, destaca que, embora tenha havido retração da ocupação, ela foi puxada por essa queda na informalidade, além de ser resultado de movimentos sazonais, como o encerramento de contratos temporários para as festas de fim de ano, que costuma ocorrer no primeiro trimestre, assim como uma maior busca por vagas após o período de férias de verão.
Portanto, isso não comprometeu o aumento da renda média e nem do contingente de trabalhadores empregados com carteira assinada, por exemplo.
“Por mais que a gente tenha períodos em que o mercado de trabalho pode sofrer por pressões da economia real, como queda de consumo e investimento, há uma resiliência. A gente observa um crescimento dos trabalhadores formais, com carteira assinada, e isso acaba dando uma estabilidade maior para essa população ocupada. Com isso, o mercado de trabalho tem uma âncora maior e pode não responder tão rápido a estímulos como a alta na taxa de juros”, explica ela.
A pesquisadora menciona ainda o movimento de algumas atividades econômicas em 2024, como a indústria, que apresentou crescimento robusto no ano, e registrou maior número de trabalhadores ocupados. Ela explica que esse é um dado importante, já que o setor costuma ter uma grande absorção de trabalhadores formais.
Outra atividade que vem se mostrando aquecida é a dos serviços de tecnologia da informação comunicação, além dos serviços administrativos, cujos profissionais ocupados costumam ter maior rendimento. O resultado disso é um efeito positivo para o mercado de trabalho tanto no âmbito quantitativo como no qualitativo, em um panorama diferente do que se mostrou imediatamente após a pandemia, com um cenário melhor em 2023 e 2024. As informações são do jornal O Globo.