Quinta-feira, 19 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de junho de 2025
No Brasil, 433 mil pessoas são milionárias em dólar, ou seja, têm fortuna superior a US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,5 milhões). É o que constatou relatório anual do banco suíço UBS, especializado na gestão do patrimônio de alta renda. O número de pessoas neste grupo seleto cresceu 1,6% no país, mostra o estudo.
O relatório do UBS investigou, ao todo, 56 países de várias regiões do mundo, e constatou que, de 2023 para 2024, o patrimônio líquido de famílias aumentou 4,6% em todo o mundo. De longe, o país que tem o maior número de milionários no mundo é os Estados Unidos, onde estão 40% dos endinheirados. O Brasil ficou na 19º posição, mas lidera entre as nações da América Latina. Confira os principais países no ranking:
1. Estados Unidos: 23.831
2. China: 6.327
3. França: 2.897
4. Japão: 2.732
5. Alemanha: 2.675
6. Reino Unido: 2.624
7. Canadá: 2.098
8. Austrália: 1.904
9. Itália: 1.344
10. Coreia do Sul: 1.301
19. Brasil: 433
Presidente da divisão de gestão de fortunas para a América Latina do UBS, Marcello Chilov analisa que alguns fatores ajudam a explicar os dados, como a apreciação do mercado financeiro. E avalia que o cenário deve se manter nos próximos anos.
“Nos EUA, que concentram mais de 1/3 dos milionários, o crescimento do patrimônio foi muito vinculado ao desempenho de ativos. Apesar de todos os desafios geopolíticos, como as guerras e a política tarifária, é inegável que os mercados desempenharam uma performance muito positiva. Nos últimos anos tivemos uma apreciação grande da Bolsa de Nova York, e também do mercado imobiliário”, explica.
No Brasil, é um cenário parecido, diz Chilov, guardadas as particularidades do país:
“Apesar da desvalorização no ano passado, o real teve um bom desempenho. E, diferente dos americanos, temos ainda um perfil de investimentos muito alocados na renda fixa. Com o cenário de juros altos, isso contribuiu para aumentar a a riqueza desses indivíduos, o que deve continuar”, disse.
O estudo também chama a atenção para a enorme transferência de riqueza entre gerações — e mesmo entre membros de uma família que são da mesma geração — prevista para ocorrer nos próximos anos. O UBS estima uma transferência global total de riqueza superior a US$ 83 trilhões nos próximos 20 a 25 anos. Deste total, cerca de US$ 9 trilhões corresponderão a transferências horizontais, ou seja, entre indivíduos da mesma geração, como cônjuges após a morte do marido ou mulher. E mais de US$ 74 trilhões serão transferências verticais, entre gerações.
Espera-se que o maior volume de transferências de riqueza ocorra nos Estados Unidos, com larga vantagem, superando US$ 29 trilhões ao longo das próximas décadas.
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking, com cerca de US$ 9 trilhões, à frente da China, que apresenta mais de US$ 5,6 trilhões de dólares a serem transferidos. Um dos principais motivos por trás dessa projeção para o Brasil é sua grande população com mais de 75 anos.