Domingo, 06 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 29 de outubro de 2023
Um cabo investigado no caso de furto de 21 metralhadoras do Exército, que ficam no Arsenal de Guerra, em Barueri, na Grande São Paulo, apresentou na sexta-feira, 27, um atestado psiquiátrico ao quartel acompanhado de uma advogada. Ele deverá ficar alguns dias fora do serviço militar em razão da licença médica, mas não disseram por quanto tempo.
O furto de 21 armas de guerra, entre elas 13 metralhadoras calibre .50 capazes de derrubar aeronaves, e oito metralhadoras calibre 7,62, aconteceu entre os dias 5 e 8 de setembro e foi descoberto no último dia 10, durante uma inspeção no quartel. Ao todo, 17 foram recuperados até o dia 24.
A suspeita é de que o armamento furtado fosse direcionado a facções criminosas, como chegou a afirmar o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, após a recuperação das nove metralhadoras em São Roque. Questionado sobre os destinatários finais dos armamentos, ele disse que seriam “tanto o Comando Vermelho (facção que age no Rio), quanto o Primeiro Comando da Capital (PCC, facção paulista)”.
Ao menos 20 militares vão responder a processos disciplinares pelo furto. O cabo é um dos sete militares investigados suspeitos de participarem diretamente do furto do armamento. O grupo é formado por patentes de soldado, cabo, sargento e tenente. Desse grupo, o Exército pediu à Justiça Militar as prisões preventivas de seis deles.
Motorista
O cabo era motorista pessoal do tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista. O oficial dirigia o Arsenal de Guerra quando ocorreu o desaparecimento das armas. Ele não é investigado no inquérito do Exército sobre o furto. Mas foi exonerado do cargo após o crime. Batista será transferido para outra unidade militar que ainda não foi definida. Em seu lugar, assumiu o novo diretor, o coronel Mário Victor Vargas Júnior, que comanda a base em Barueri.
Os outros seis investigados pelo furto das armas estão trabalhando normalmente. Após o crime, o Exército chegou a manter toda a tropa do Arsenal de Guerra, 480 militares (entre homens e mulheres), “aquartelada” por alguns dias, sem poder sair, em razão do crime. Depois esse número foi sendo reduzido.
Os militares chegaram a ter os celulares confiscados e foram ouvidos no inquérito para passar informações que possam levar aos culpados pelo desaparecimento das metralhadoras. E também tentar localizá-las. Atualmente a medida acabou.
Operação
De acordo com a investigação do Exército, a suspeita é de que para furtar a metralhadoras, os militares desligaram ainda as câmeras de segurança do quartel. Também são acusados de arrombar cadeados e adulterar lacres.
Foram encontradas impressões digitais, inclusive do cabo em quadros de energia e na sala de armas. Ele não tinha autorização para entrar no lugar. O homem teria se aproveitado do livre acesso que tinha ao quartel, como homem de confiança do então diretor da unidade.
O Exército quer usar as informações das quebras dos sigilos bancários, telefônicos e das redes sociais autorizadas pela Justiça para levantar mais provas do envolvimento deles no sumiço das metralhadoras.
O Comando Militar do Sudeste (CMSE) investiga os crimes militares de furto, peculato, receptação e extravio no caso das armas que desapareceram.