Por Redação do Jornal O Sul | 13 de outubro de 2025
A partir desta terça-feira (14), Ijuí se transforma no epicentro das discussões sobre o futuro do leite gaúcho. Com 750 participantes confirmados, o Milk Summit Brazil 2025 estreia com casa cheia no Parque de Exposições Wanderley Burmann, propondo um novo espaço de diálogo entre produtores, cooperativas, indústrias, representantes governamentais e especialistas. O objetivo é claro: construir coletivamente soluções para os desafios e oportunidades da cadeia produtiva do leite.
Organizado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do RS, em parceria com o Sindilat/RS, Prefeitura de Ijuí, Emater/RS-Ascar, Suport D Leite e Impulsa Ijuí, o evento integra a programação da ExpoFest e se estende até quarta-feira (15), com transmissão ao vivo pelo canal da Secretaria da Agricultura no YouTube.
Quatro eixos para transformar o setor
A programação está estruturada em torno de quatro eixos estratégicos: competitividade, consumo, sustentabilidade e inovação. Serão 21 palestras e quatro mesas de debates com nomes de peso da indústria, da academia e do setor público. Os temas vão do reposicionamento do leite no mercado consumidor ao uso de tecnologias para aumentar a eficiência produtiva e reduzir impactos ambientais.
Para Darlan Palharini, coordenador do evento e secretário-executivo do Sindilat, o sucesso nas inscrições confirma a relevância da iniciativa. “Realizar o Milk Summit no epicentro da produção leiteira gaúcha é um acerto estratégico. Mais do que reunir os principais atores do setor, estamos criando um ambiente de colaboração e visão de futuro”, afirma.
A força do leite gaúcho
A produção leiteira no Rio Grande do Sul é uma das mais relevantes do país, com cerca de 100 mil propriedades rurais envolvidas na atividade. O Estado ocupa posição de destaque nacional, sendo responsável por aproximadamente 13% da produção brasileira de leite. A atividade está presente em praticamente todos os municípios gaúchos, com forte impacto na economia local, especialmente nas pequenas propriedades familiares.
Além de representar 2,81% do PIB estadual, o setor movimenta cerca de R$ 18 bilhões por ano e emprega milhares de pessoas direta e indiretamente. O leite é, para muitas regiões, o principal motor econômico, garantindo renda, segurança alimentar e fixação das famílias no campo. A diversidade climática e geográfica do RS permite uma produção distribuída e resiliente, mas também impõe desafios logísticos e de competitividade.
Nos últimos anos, o setor tem enfrentado oscilações de preço, aumento nos custos de produção e mudanças no perfil do consumidor. A busca por produtos com valor agregado, como leites especiais, orgânicos e funcionais, tem impulsionado a inovação nas propriedades e nas indústrias. O Milk Summit surge como resposta a esse cenário, propondo um olhar sistêmico e colaborativo.
Solidariedade como ingrediente essencial
Além do conteúdo técnico e estratégico, o evento promove uma ação solidária: cada participante doará 1 kg de alimento não perecível na entrada, e a organização acrescentará 2 litros de leite por pessoa. Todos os itens arrecadados serão destinados a entidades sociais da região, reforçando o compromisso do setor com a responsabilidade social.
“A produção de leite é mais do que uma atividade econômica — é alimento, é dignidade. Unir conhecimento e solidariedade é parte da nossa missão”, destaca Palharini.
O leite como vetor de desenvolvimento
Entre os temas em destaque estão rastreabilidade da produção, uso de inteligência artificial na gestão das propriedades, valorização do leite como alimento funcional e estratégias para ampliar o consumo entre os jovens. A expectativa é que os debates gerem propostas concretas para políticas públicas e ações empresariais.
O Milk Summit Brazil não apenas discute o presente da cadeia leiteira — ele planta as sementes do leite que virá. Em um Estado onde o campo pulsa com força e tradição, pensar o futuro do leite é pensar o futuro do próprio Rio Grande do Sul.
Serviço
