Sexta-feira, 07 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 11 de setembro de 2025
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda revisou para baixo a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 de 2,5% para 2,3%, segundo o boletim macrofiscal divulgado nessa quinta-feira (11).
As estimativas para a inflação no ano também foram revistas para baixo, mas em menor magnitude. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial do país, deve ter alta de 4,8%, ainda acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, que é de 3% ao ano, com tolerância até 4,5%. Antes, a previsão do governo era uma variação de 4,9%.
A Fazenda avalia que a houve um resultado abaixo do esperado para o PIB do segundo trimestre, em comparação com o que havia sido projetado em julho, quando a pasta revisou a previsão de crescimento de 2,4% para 2,5%.
Segundo o boletim, o desempenho abaixo do projetado foi reflexo da política de juros do Banco Central (BC), que elevou a Selic, taxa básica de juros, para o patamar de 15% em julho, o maior nível desde 2006.
“O ritmo de expansão das concessões de crédito tem se reduzido, junto com o aumento nas taxas de juros bancárias e na inadimplência. Embora a taxa de desemprego siga no menor patamar da série histórica, já se percebe uma tendência de desaceleração na expansão da massa de rendimentos real”, avalia a SPE.
Segundo o órgão, a perda de ritmo decorre da ação do Banco Central na tentativa de reduzir a inflação. Em setembro de 2024, o Copom (Comitê de Política Monetária) deu início a um novo ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, que até então estava em 10,50% ao ano. Após sucessivos aumentos, a Selic chegou a 15% ao ano em junho e tem sido mantida neste patamar —o maior desde 2006.
“Para o próximo trimestre, a perspectiva é que a desaceleração da atividade continue”, disse a secretaria no boletim. Segundo o órgão, dados de julho já indicaram recuo na produção da indústria da transformação e nas vendas do varejo restrito, que não inclui automóveis nem materiais de construção.
Nos próximos meses, as tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras podem contribuir para reforçar a tendência de desaquecimento da atividade, uma vez que afetam o desempenho da indústria, dos investimentos e do setor externo.
Guilherme Mello, secretário de Políticas Econômicas, afirmou durante a apresentação do boletim que, por causa das altas de tarifas, o índice de incertezas chegou a um nível muito elevado, mesmo que tenham sido firmados acordos.
A situação, segundo ele, é semelhante ao fim dos anos 1920, quando houve um desarranjo global com a crise do padrão ouro.
O secretário disse que espera-se que o Federal Reserve (órgão equivalente ao Banco Central dos EUA) corte os juros americanos, o que contribuiria para o enfraquecimento do dólar (portanto, valorização do real).
Ele resumiu a expectativa da seguinte forma: “Dólar mais fraco, outras moedas mais fortes e expectativa de queda de taxa de juros maior, o que impacta decisões sobre juros em outros países, em particular na América Latina”. Com informações da Folha de S. Paulo e O Globo