Terça-feira, 21 de outubro de 2025

Ministro da Fazenda eleva tom sobre juros e diz que o Banco Central mantém a política mais restritiva do mundo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (21) que o BC (Banco Central) do Brasil é o “mais duro do mundo” na condução da política monetária, em referência a um relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional).

Em entrevista, Haddad voltou a defender que a taxa de juros está em um nível excessivamente restritivo diante do atual cenário econômico, com inflação que o ministro considera controlada e cortes de preços administrados, como o da gasolina pela Petrobras.

“A inflação está se comportando cada vez melhor, e as projeções do mercado já apontam para um índice abaixo de 4% em 2027. O FMI disse que o Banco Central do Brasil é o mais hawkish, o mais duro do mundo. E o FMI sabe o que está falando. Historicamente, o nosso BC sempre foi duro, mas o atual é o mais duro do mundo, muito duro, é uma inflação que já está beirando a banda superior da meta, e você tem mais de 10% de juro real, então é duro mesmo, não é pouco o que está sendo feito”,  afirmou o ministro.

O termo “hawkish”, usado por Haddad, se refere à postura mais agressiva de bancos centrais no combate à inflação, geralmente com manutenção de juros altos por longos períodos.

Questionado se a recente queda no preço da gasolina anunciada pela Petrobras deveria abrir espaço para uma redução na taxa Selic, Haddad respondeu que, se fosse membro do Copom (Comitê de Política Monetária), votaria a favor do corte.

“Existem nove diretores que decidem isso. Se eu estivesse lá, eu teria essa opinião, de que está restritivo demais para as condições atuais. Tem economista com outra opinião, e ninguém sai xingando”, disse.

O ministro também evitou críticas diretas à diretoria do BC, sob comando de Gabriel Galípolo —indicado pelo governo Lula —, e disse que é cedo para avaliar o desempenho da atual gestão.

“É muito difícil julgar uma gestão que acabou de começar. Isso vale para a atual diretoria, que acabou de chegar com problemas graves para administrar. Mas, ao longo da história, o BC tem sido duro. Teve um período, quando o Ilan (Goldfajn) foi presidente, em que o BC foi muito sensível às teses que me são caras. Ali foi, e eu espero que essa gestão também seja”, afirmou Haddad.

Apesar das divergências, o ministro ressaltou que mantém respeito à autonomia da instituição e que emitir opinião não significa desrespeitar a autoridade monetária.

“Eu tenho o maior respeito pelo BC, mas emitir uma opinião não é pecado. Eu tenho dito que penso que a taxa de juros está restritiva demais. Aliás, o presidente (Lula) disse isso ontem. É uma opinião, não deveria ser confundido com desrespeitar a institucionalidade, porque o mercado emite opiniões todos os dias”, declarou.

Selic em 15%: maior nível em 19 anos

Na última reunião o Copom decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano, o maior nível desde 2006, com apoio unânime da diretoria. O comunicado do BC reforçou que os juros devem permanecer altos por um “período bastante prolongado”, mesmo com a melhora das projeções de inflação.

Segundo o comunicado do Copom, o cenário segue “marcado por incertezas” e exige “cautela na condução da política monetária”. Economistas avaliam que o BC não deu abertura para iniciar cortes de juros neste ano, embora parte do mercado espere a primeira redução em janeiro de 2026. (Com informações de O Globo)

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