Quinta-feira, 17 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 16 de julho de 2025
O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, classificou a investigação comercial aberta pelos Estados Unidos contra o Brasil como “intromissão” e “inacreditável”. Ele ironizou a situação que inclui a apuração do Pix e do comércio na Rua 25 de Março, em São Paulo.
A fala ocorreu durante a cerimônia de assinatura do Decreto de Regulamentação do BR do Mar, ocorrida no final da manhã desta quarta-feira (16).
“Vivemos uma intromissão absolutamente indevida, não dá para imaginar um cenário onde um presidente de uma das duas maiores potências do mundo está preocupado com a 25 de Março e coloca isso num documento internacional. Está preocupado com o meio de pagamento que o país adota, que é abraçado por todos, pela população, pelas empresas, pelo sistema financeiro que é o PIx. É inacreditável algo dessa natureza.”
O governo americano diz que o Brasil “parece se envolver em uma série de práticas desleais com relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo, entre outras, aproveitar seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”, em referência ao Pix.
Já sobre a rua de comércio popular na capital paulista, os EUA afirmam que “a região da Rua 25 de Março permanece há décadas como um dos maiores mercados para produtos falsificados, apesar das operações de fiscalização direcionadas a essa área”.
Rui Costa afirma que, nesse momento, o Brasil tem que dar uma resposta com serenidade, muito diálogo, mas firmeza e união do povo. Ele ainda ressalta que o país pertence aos brasileiros, e que é essa nação que vai definir seu destino.
“Nenhuma outra nação, nenhum outro líder mundial pode escolher, seja a atividade que vai se dar na rua 25 de Março, seja nos meios de pagamento ou qualquer outra coisa que queira se intrometer, que seja absolutamente de definição do Brasil”, finalizou.
Entenda
Na noite de terça-feira (15), o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) iniciou uma investigação sobre o Brasil, nos termos da Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, de acordo com comunicado distribuído pelo órgão.
A medida vem menos de uma semana após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar tarifa de 50% para o Brasil — cuja entrada em vigor, em 1º de agosto, o governo e o setor produtivo tentam evitar.
A investigação, pedida por Trump, buscará determinar “se atos, políticas e práticas do governo brasileiro são irracionais ou discriminatórios e oneram ou restringem o comércio dos EUA”.
Entre os focos da investigação estão o comércio digital e serviços de pagamento eletrônico, as tarifas preferenciais injustas, a interferência anticorrupção e a proteção da propriedade intelectual. Outro ponto que será investigado é o acesso ao mercado de etanol. A investigação também abordará a questão do desmatamento ilegal.
Sobre comércio digital e serviços de pagamento eletrônico, o objetivo será determinar se o Brasil pode prejudicar a competitividade de empresas norte-americanas envolvidas nesses setores.
Entre os potenciais prejuízos, o departamento cita a possibilidade de retaliação contra essas companhias por não censurarem o discurso político ou a aplicação de restrições à capacidade de fornecer serviços no País. (Com informações do Estadão Conteúdo).